É preciso idealizar o futuro

PorJorge Montezinho,5 jul 2019 23:53

“Imaginemos que estamos em 2035, com Cabo Verde desenvolvido, com uma plataforma aérea implementada, com uma plataforma logística e marítima realizada, um país inserido na economia regional e na economia mundial, o cabo-verdiano como cidadão do mundo, Cabo Verde conectado ao mundo e a África”, esta é a visão de José Correia, coordenador do projecto da zona económica especial de economia marítima de São Vicente. Foi apresentada esta terça-feira, no Sal, durante o Cabo Verde Investment Forum.

Num país que é 99 por cento mar, o governo teve, em 2016, a ideia de desenvolver o projecto da zona económica especial da economia marítima em São Vicente. Mas para isso, o executivo teve também em conta o país real, não só onde está inserido, como a utilidade que pode ter para o mundo. “Cabo Verde sempre teve um papel de conexão”, explicou José Correia, “temos o mar como uma grande vantagem comparativa, que temos, e devemos transformar em vantagem competitiva”.

É certeza do governo que Cabo Verde tem todas as condições para ser um hub marítimo para o Atlântico Médio. Falta, como disse o secretário de estado da Economia Marítima, Paulo Veiga, criar o ecossistema para atrair os investidores. “Esta zona irá criar as condições para os investimentos necessários, alguns de vulto em infra-estruturas: portos, terminais de contentores, de pesca, reparação e construção de barcos, as oportunidades macro”. A lei para a zona económica especial da economia marítima em São Vicente será em breve levada ao parlamento. O início do seu funcionamento está apontada para o primeiro trimestre de 2020. E será um projecto a 15 anos.

É igualmente um projecto onde o mercado tem de ter um papel importante. O governo terá um papel orientador, o resto será com os investidores. “Partimos com essa visão, um país com mar e que tem de se inserir no mercado regional e internacional”, disse José Correia, coordenador do projecto da zona económica especial de economia marítima de São Vicente. “Seria possível fazer isso em todo o país? Não! No processo de desenvolvimento, alguns têm de enriquecer antes que os outros. Mas é um projecto de Cabo Verde implementado em São Vicente”.

Em 2017, os estudos feitos mostraram que o projecto era viável, mas isso não significa que não haja desafios enormes. Para começar, os sectores envolvidos: portos, pescas, reparação e construção naval, turismo e energias renováveis, e estes são só os principais, porque a criação de um ecossistema mexe com outras áreas consideradas relevantes: educação saúde, ambiente.

“Há várias oportunidades”, considera José Correia, “desde portos, estaleiros navais, aquacultura, pescas, depois de pronta a legislação serão apresentados projectos específicos a vários parceiros e às empresas. Pensamos que qualquer investidor que queira ganhar dinheiro e investir no futuro, esta é uma boa oportunidade. O que queremos? Que São Vicente seja uma ilha bem ordenada, e quando se fala das funções das cidades estas estão separadas, há a função residência, a função indústria, a função, aeroportuária e a função de lazer”.

“E temos de ter um ambiente excelente para o negócio”, sublinha o coordenador do projecto da zona económica especial de economia marítima de São Vicente, “podemos construir os melhores portos, se não construirmos o ambiente competitivo à sua volta estaremos a tomar a decisão errada. A ideia é criar todo um ambiente competitivo para fazer negócio à volta da ZEE”.

Segundo a visão do especialista, desenvolver Cabo Verde e a zona económica especial depende também da comunicação entre as ilhas. Tem de haver conectividade e tem de haver trocas e para isso é preciso haver negócio.

“Temos de apostar nas nossas vantagens”, referiu José Correia. “Desafios há, mas precisamos de usar as vantagens. Não estamos sozinhos no mundo, temos concorrentes e temos de ter isso em mente. Um cabo-verdiano terá de antecipar o seu futuro. Temos de acreditar para ver. Sabemos que temos riscos, mas a oportunidade é maior que o risco”, concluiu.

A outra certeza dos envolvidos na criação da zona económica especial é que nunca será apenas negócio pelo negócio, ou seja, mais do que economia marítima, fala-se de economia azul, que para além de levar em conta os aspectos económicos tem de pôr o foco nas pessoas e na preservação ambiental. É aqui que entram a FAO e o Banco Mundial. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura está a ultimar um estudo onde se identificam os nichos de mercado. O Banco Mundial está a criar instrumentos para financiar esses projectos. Tudo para se ter uma economia azul mais “verde”.

Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 918 de 3 de Julho de 2019. 

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Autoria:Jorge Montezinho,5 jul 2019 23:53

Editado porSara Almeida  em  1 abr 2020 23:21

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