“Temos registado sim, e com satisfação, a presença de clientes nossos e dos hotéis da vizinhança vindos do Brasil. Sei ainda que os empresários da restauração também têm notado a presença de muitos brasileiros de passagem pela ilha do Sal, e que por iniciativa própria têm optado por fazer as suas reservas de viagens com destino Europa, com escala na ilha do Sal”.
A afirmação é de Carlos Santos, representante do Grupo Oásis Atlântico Hotels & Resorts Cabo Verde, que ressalva que o processo ainda está em construção e, que a Cabo Verde Airlines já tem realizado algumas reuniões com os operadores turísticos da ilha, para a criação de uma plataforma digital com o objectivo de reforçar a promoção do Programa Stopover.
“Já foi criada uma comissão que ficará encarregue de apoiar a CV Airlines na construção desta plataforma associada à página oficial da companhia aérea, de forma a promover os operadores do sector turístico e, a divulgar os serviços e experiências que podem vivenciadas no Sal durante os dias em que o turista se encontra de passagem pela nossa ilha”, acrescenta Carlos Santos.
Débora Abu Raya, do Hotel Odjo D’Água, integra a referida comissão, embora considere que ainda há muito trabalho pela frente para a efectiva operacionalização desta plataforma digital.
Esta ferramenta contribuirá para garantir ao turista o acesso a uma rede de empresas e informações credíveis dos sectores de hotelaria, restauração, animação e experiências turísticas, de forma a melhor aproveitar a sua passagem por Cabo Verde, mas também contribuir para o desenvolvimento da indústria do turismo no arquipélago.
Para Débora Abu Raya, a presença de turistas do Brasil e de outros mercados emergentes da América Latina pode ser uma saída para diminuição da sazonalidade do sector turístico nacional, que regista picos elevados durante o inverno e quedas preocupantes nos meses de verão, durante a época baixa.
A ampla divulgação que tem sido feita entre os operadores de turismo internacionais, através das plataformas digitais especializadas no sector, convidando os turistas que saem do Brasil em direção a cidades europeias como Paris, Milão ou Lisboa a aproveitar a viagem para conhecer de perto o nosso país, através do Programa Cabo Verde Stopover, também tem contribuído para a maior presença de turistas na ilha do Sal, essencialmente de origem brasileira.
Operadores defendem diminuição das Taxas para os turistas em escala
Os operadores turísticos chamam a atenção do Governo para algumas medidas que devem ser tomadas de forma a garantir a maior efectivação e sustentabilidade do Programa Cabo Verde Stopover com efeitos mais significativos para a economia nacional.
A diminuição do pagamento de taxas é uma medida considerada importante para que o turista não veja a escala em Cabo Verde como uma opção demasiado dispendiosa.
Neste momento o turista que faz escala em Cabo Verde aproveitando o Programa Stopover oferecido pela companhia nacional paga à chegada ao país cerca de sete mil escudos, ou sessenta euros em taxas.
Isso porque, apesar de Cabo Verde não ser o seu destino final, o turista deve pagar o visto de entrada, a TSA, ou taxa de segurança aeroportuária e, ainda a taxa turística que é cobrada consoante o número de dias que permanece no nosso país.
Esta “tripla tributação”, nas palavras do Diretor Geral da Hellotours, empresa de actividades turísticas com sede na ilha do Sal, pode desencorajar o turista a optar pelo Stopover.
Nuno Paixão é de opinião que o programa poderia beneficiar de uma intervenção do Governo para a diminuição do pagamento de taxas para os turistas em escala.
“Já há um sinal positivo e já se vai vendo os turistas a optar pela escala em Cabo Verde, mas, o número ainda não é satisfatório. Consideramos de grande importância que haja uma diminuição das taxas para quem apenas fica apenas 3, 4 ou 5 dias. A intervenção do Governo neste sentido poderia ajudar imenso”, considera.
O programa Cabo Verde Stopover é mais um passo na operação internacional da Cabo Verde Airlines, que contempla um novo modelo de negócio em formato Hub & Spoke, ponto de conexão para vários destinos. Este novo modelo coloca o arquipélago, nomeadamente a ilha do Sal, com ligação privilegiada para países da América do Norte, América do Sul, África e Europa, alargando assim o mercado de atuação da companhia aérea nacional.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 936 de 06 de Novembro de 2019.