As previsões constam dos documentos de suporte à proposta de lei do Orçamento do Estado para 2020 - que volta ao parlamento para discussão e votação final na sessão plenária que arranca hoje e decorre até sexta-feira -, colocando o turismo, como já acontece há vários anos, como a principal fonte de riqueza do país.
Cabo Verde contou com mais de 750 mil turistas em 2018 e a meta do Governo é ultrapassar um milhão de turistas anuais em 2021.
Para 2020, o Governo estima que as receitas turísticas cresçam 10,6%, face a 2019, para 47.918 milhões de escudos (430 milhões de euros). Neste cenário do Governo, as receitas do turismo passam de um peso de 21,9% no Produto Interno Bruto (PIB) de 2019, para um peso de 22,7% no próximo ano.
Em 2015, as receitas com o turismo rendiam 30.427 milhões de escudos (273 milhões de euros), o equivalente a 19,2% do PIB cabo-verdiano.
No próximo ano, a procura turística por Cabo Verde, segundo a previsão do Governo, deverá aumentar mais de 6%, liderada pelos turistas de Portugal e do Reino Unido, mas também de França e da Alemanha.
A empresa de serviços médicos e de segurança International SOS classificou Cabo Verde como um dos países mais seguros para turistas, integrando o lote de pouco mais de uma dezena de Estados com um nível “insignificante” de riscos para os viajantes.
As conclusões, noticiadas no final de Novembro pela Lusa, constam do “Travel Risk Map”, de 28 de Novembro, mapa produzido por aquela empresa, com sedes em Londres e Singapura, que anualmente refere receber cinco milhões de chamadas de pedidos de assistência de turistas.
Neste mapa, Cabo Verde surge como o único país em África classificado com o nível “insignificante” - o mais reduzido de cinco - de risco para a segurança das viagens de turistas.
A International SOS é uma empresa privada que trabalha com organizações internacionais, as maiores empresas multinacionais, governos e organizações não-governamentais, contando com quase três dezenas de centros de apoio a turistas, que servem 90 países.
Partilham a classificação mais alta (“insignificante”) de segurança países europeus como Andorra, Suíça, Mónaco, São Marino, Luxemburgo, Dinamarca e Gronelândia, Eslovénia, Noruega, Islândia e Finlândia, além de uma dezena de pequenos Estados insulares nas Caraíbas e no Pacífico.
Por nível “insignificante” de risco de segurança, a International SOS classifica “taxas de crimes violentos muito baixas”, sem “violência política significativa ou agitação civil e pouca violência sectária, comunitária, racial ou direccionada contra estrangeiros”.
1,1 milhões de turistas em 2021
Entretanto, e segundo a mais recente previsão governamental, o número de quartos em unidades hoteleiras em Cabo Verde deverá quase duplicar em cinco anos, para mais de 20.000 até 2021, e ultrapassando os 1,1 milhões de turistas anuais.
A previsão consta de um documento apresentado este mês pelo Governo aos parceiros sociais, ao qual a Lusa teve hoje acesso, com os objectivos da reforma no sector do Turismo, que prevê potenciar a diversificação das áreas turísticas, além do tradicional turismo balnear de massas (sol, praia e mar).
Segundo o documento, essa aposta passa por novos segmentos como turismo rural, turismo de montanha, pela captação de turismo de eventos sociais, pelo turismo de negócios, pela pesca desportiva, pelos cruzeiros e pelo turismo histórico.
Em 2016, refere o documento, as unidades hoteleiras em Cabo Verde receberam 640.000 turistas – registo que subiu em 2018 para 765.000 -, número que no “cenário optimista moderado” do Governo deverá crescer para 1,14 milhões em 2021 e para 3,53 milhões em 2030.
A curto prazo (2021), a meta do Governo é o crescimento das receitas do turismo “acima da média”, com pelo menos um milhão de turistas por ano, colocando Cabo Verde “no top 30 dos destinos mais competitivos” e no “top 5 em África”.
O número de quartos nas unidades hoteleiras do país era de 11.435 em 2016, com 30.968 empregos gerados pelo sector (7.742 directos), com a previsão governamental a estimar chegar ao próximo ano com 20.152 quartos e 54.576 postos de trabalho (30.968 dos quais directos).
A médio prazo, até 2030, a previsão aponta que o Turismo garanta 169.505 postos de trabalho em Cabo Verde, com 62.590 quartos.
Face a este enquadramento, as receitas com a taxa turística, aplicada a cada dormida e utilizada para o desenvolvimento do sector, que rendeu em 2016 quase 7,7 milhões de euros, deverá crescer para 13,55 milhões de euros em 2021, podendo chegar aos 40 milhões de euros.
Para o efeito, o Governo prevê aplicar planos de desenvolvimento das potencialidades turísticas das ilhas da Brava, Fogo, Santiago, Santo Antão, São Vicente, São Nicolau, Sal, Boa Vista e Maio, bem como Planos Municipais de Turismo.
Numa visão a 30 anos, no âmbito desta reforma, está igualmente prevista a instituição do Livro Branco do Turismo e o impulso do Estado às sociedades de desenvolvimento turístico, numa lógica de desconcentração de serviços.
O documento justifica a previsão do crescimento do número de quartos com os novos empreendimentos hoteleiros em curso ou a lançar, como dos grupos e marcas Robinson, Radison, Riu Magic Life, Hilton, Barceló, Marriot e Sheraton.
Também o grupo Macau Legend, do empresário David Chow, prevê concluir até final de 2020 a construção do hotel e do casino em curso na cidade da Praia, em Cabo Verde, segundo informação enviada em Agosto aos investidores, num investimento inicial de 90 milhões de euros.