Em comunicado enviado à Lusa, a companhia cabo-verdiana, privatizada em Março de 2019 e que sucedeu à estatal TACV, referiu que “devido à expansão e lançamento de novos destinos em 2020 para a Europa e a África”, decidiu “reestruturar suas rotas aéreas suspendendo indefinidamente a rota Salvador da Bahia - Sal - Salvador da Bahia”, a partir de 01 de Março.
A companhia, agora controlada por investidores islandeses liderados pela Icelandair, voa actualmente para o Brasil, além de Salvador, também para o Recife, Fortaleza e Porto Alegre, que “continuarão com as operações normais”.
“Todos os passageiros afectados por cancelamentos serão acomodados em voos de Recife ou Fortaleza. Os passageiros que não aceitarem as opções de acomodação terão direito ao reembolso total de suas passagens, de acordo com o plano de protecção de passageiros da empresa”, acrescentou a nota.
A imprensa do estado brasileiro da Bahia referiu nas últimas horas a possibilidade de Salvador perder a ligação da CVA e que elementos do governo estadual estavam a tentar negociar com a companhia a reversão da decisão.
Em Março de 2019, o Estado vendeu 51% da então empresa pública TACV (Transportes Aéreos de Cabo Verde) por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde, uma empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (que ficou com 36% da CVA) e em 30% por empresários islandeses com experiência no sector da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).
A companhia garante ligações do arquipélago de Cabo Verde, com o ‘hub’ instalado na ilha do Sal, para Dakar, Lisboa, Paris, Milão, Roma, Boston, Washington, Lagos, além dos quatro destinos actuais no Brasil (Fortaleza, Recife, Salvador e Porto Alegre).
Novas rotas para Toronto (Canadá) e para o Porto (Portugal) foram hipóteses admitidas recentemente pela companhia área liderada desde este mês por Erlendur Svavarsson, que sucede a Jens Bjarnason, presidente da CVA no último ano.
A Lusa noticiou esta semana que o grupo Icelandair espera que a companhia aérea cabo-verdiana apresente resultados positivos em 2021, mas necessita de contrair um financiamento de longo prazo.
A informação consta do relatório com as demonstrações financeiras consolidadas do exercício de 2019 do grupo aéreo islandês, que através da sua participada Loftleidir Icelandic EHF controla, desde 01 de Março, diretamente, 36% da CVA.
A Icelandair refere que de acordo com o plano de negócios da CVA, são esperados prejuízos “nos primeiros dois anos após a aquisição” e lucros em 2021. Ainda assim, e sem quantificar, o documento também aponta que os resultados operacionais da CVA no último trimestre de 2019 “ficaram abaixo das expectativas”.
“A CVA está à procura de financiamento de longo prazo. Se o financiamento de longo prazo não for garantido, isso poderá afetar negativamente a operação”, lê-se no relatório do grupo Icelandair, de 07 de Fevereiro, que identifica receitas oriundas da companhia de Cabo Verde no valor de 37,2 milhões de dólares e despesas de 1,1 milhão de dólares, em 2019.
O Governo cabo-verdiano tem em curso o processo de venda de 10% das ações da CVA a trabalhadores e emigrantes e os 39% restantes por outros investidores, através da bolsa.
A Cabo Verde Airlines aumentou para quase 200.000 passageiros transportados nos primeiros oito meses após o processo de privatização. Os números foram avançados em Dezembro à agência Lusa por fonte oficial da companhia aérea cabo-verdiana e traduzem-se num crescimento de 85,4% do total de passageiros transportados, face ao mesmo período de 2018.