O governo e a Loftleidir Cabo Verde assinaram hoje o acordo de privatização da TACV, sendo que o valor a ser pago por aquela subsidiária da Loftleidir Incelandic pela compra da companhia aérea nacional não foi revelado.
No final, nenhum dos governantes quis prestar declarações à comunicação social.
No discurso que fez na cerimónia de assinatura do acordo de privatização, o primeiro-ministro não deixou de fora a possibilidade de a TACV vir a fazer, no futuro, ligações directas, com partida na Praia e São Vicente e destino a Lisboa e Boston.
Nas "negociações com o parceiro estratégico foi acordado que poderão haver voos ponto a ponto Praia/Lisboa, Praia/Boston e São Vicente/Lisboa, desde que sejam rentáveis", disse Ulisses Correia e Silva. "O governo no quadro da sua política de transportes pode criar instrumentos que supletivamente possam viabilizar as rotas consideradas de interesse estratégico para o país".
Da parte da Incelandair, Mário Chaves, que desempenhou as funções de CEO da TACV durante o processo de reestruturação da empresa, explicou que as ligações directas Praia-Lisboa e São Vicente-Lisboa dependem da rentabilidade das rotas.
"São estudos que se têm de fazer, e depois disso a avaliação será feita na questão económica e na questão da rentabilidade. Há-de haver um trabalho conjunto com o governo e a partir daí se houver viabilidade eles vão-se concretizar".
Quando ao regresso da empresa ao mercado inter-ilhas o antigo CEO da TACV disse que "o foco é o hub não só externo, como interno. Dessa forma o nosso foco é o mercado internacional, nunca o escondemos, mas temos que garantir que temos o feeding doméstico".
Novas rotas
Mário Chaves abordou também a questão das novas rotas que a TACV quer abrir ainda este ano. "Estão previstas rotas para mais um destino nos EUA, dois na Europa, pretendemos voltar a Itália, e também em África queremos abrir Lagos e Luanda".
"A nossa intenção é essa", abrir as rotas de Luanda e Lagos ainda este ano.
"Neste momento, existem processos que têm de acontecer relativos à obtenção das partes finais não das licenças mas da constituição das infraestruturas que precisamos para iniciar a rota, como também existem todo o trabalho comercial. Mas isso é o início de uma nova fase, da fase pós-privatização e é necessário dar tempo para que isso aconteça".
Novos aviões
Durante o discurso que fez durante a cerimónia, Erlendur Svavarsson, da Loftleidir Icelandic, referiu que o objectivo da empresa é ter uma frota de 12 aviões. Mário Chaves explicou que actualmente a TACV tem "dois aviões em serviço - um está a fazer serviço de manutenção e há-de retornar - e estamos a prever quatro aviões durante este ano".
"O crescimento é de dois aviões [por ano], nos próximos cinco anos. Pode parecer que 12 aviões em Cabo Verde será muito, como também podem ver que na Islândia, que tem 300 mil pessoas, a nossa frota está acima dos 30 aviões e temos uma companhia concorrente, para além de toda a competição no Atlântico Norte. Portanto, é possível crescer, é possível fazer esse crescimento se tivermos uma empresa eficiente, rentável e se formos capazes de criar a diferença no mercado".
Turbulências, críticas e suspeições
O processo de privatização da TACV fez o governo suportar "custos políticos, críticas, suspeições, descrenças e houve muita turbulência", destacou o Primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, no discurso que fez após a assinatura do contrato de privatização da TACV.
"Acreditámos sempre que era possível chegarmos ao ponto que chegamos hoje: privatizar a TACV. Lutámos para isso acontecer. Foi um processo longo e complexo porque a situação da empresa era difícil e exigia coragem e determinação na tomada de decisões para a sua reestruturação e privatização", disse.