Segundo a informação avançada no Boletim Oficial publicado ontem, apesar de a situação ser "estável no país", tem-se vindo a verificar um aumento gradual dos preços de importação de cereais. "É o caso do trigo a granel, que, face à importação de Janeiro (já consumido), sofreu um aumento de preço em 10% na importação de Abril (em consumo) e de 16% na de Junho", informa o governo.
Dessa forma o governo entendeu "ser necessária uma intervenção" que impeça a subida do preço da farinha produzida em Cabo Verde e que actualmente se situa nos 2.380$00 por cada saco de 50kg "a nível grossista, evitando assim qualquer sobrecarga no acesso financeiro" aos referidos produtos alimentares de primeira necessidade e evitando a influência negativa na "segurança alimentar e nutricional das famílias, em especial aquelas mais vulneráveis, neste período de pandemia de COVID-19".
Os moldes da compensação a ser recebida pela MOAVE, no entanto, ainda serão discutidos entre o Ministério das Finanças e os representantes da empresa.
Durante a apresentação da resolução, em conferência de imprensa sobre o último Conselho de Ministros de Maio, o porta-voz do governo, Abraão Vicente, justificou que esta decisão tem a ver com a oscilação do preço dos cereais no mercado internacional e a retenção que alguns países estão a fazer à sua própria produção nacional, o que pode vir a provocar uma escassez internacional deste produto no mercado.
“Com vista a que os cabo-verdianos não sofram mais este aumento de preço, o governo atribui ao ministério das Finanças o poder necessário para em caso de oscilação grande no mercado internacional, se faça a devida compensação através de uma negociação directa entre o ministério das Finanças e a MOAVE”, acrescentou.
Todos os anos, as trocas de arroz, soja, milho e trigo permitem alimentar 2,8 mil milhões de pessoas no mundo, 212 milhões delas em situação de insegurança alimentar crónica e 95 milhões em situação de insegurança alimentar grave, segundo o Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU.
A África, e em particular a região subsaariana, que importou mais de 40 milhões de toneladas de cereais em 2018, é o continente mais ameaçado.