De acordo com dados de um relatório estatístico da ASA, os aeroportos e aeródromos do arquipélago registaram no primeiro semestre de 2021 um movimento de 5.152 aeronaves em embarques e desembarques (quebra de 43% face a 2020), em voos internacionais e domésticos.
Já o número de passageiros em embarques, desembarques e trânsito foi 100.905 em voos domésticos e 112.933 em voos internacionais, totalizando desta forma um movimento global de 213.838 passageiros, contra os 640.876 em igual período de 2020. Contudo, os aeroportos nacionais só funcionaram em 2020 até Março, tendo sido suspensas todas as ligações aéreas, domésticas (até Julho) e internacionais (até Outubro), para conter a pandemia de covid-19.
Nos voos internacionais, a companhia aérea portuguesa TAP “foi a principal operadora, com um total de 64.527 passageiros de e para Cabo Verde”, destaca o relatório da ASA sobre o movimento de Janeiro a Junho deste ano.
Acrescenta que entre Lisboa/Praia foram transportados cerca de 44 mil passageiros, sendo mesmo “a única rota que cresceu” – mais 27% face a 2020 -, enquanto na rota Lisboa/São Vicente foram transportados 15 mil passageiros (-22%) e para o Sal apenas seis mil passageiros (-75% face a 2020).
Segundo os dados da ASA, o Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, no Sal, a mais turística de Cabo Verde e que antes da pandemia registava um movimento anual acima de um milhão de passageiros, contou no primeiro semestre deste ano com apenas 43.180 passageiros em desembarques e embarques de voos internacionais e domésticos, representando uma quebra de 88% face ao mesmo período de 2020.
Globalmente, os aeroportos nacionais movimentaram quase 776.000 passageiros em 2020, perdendo praticamente dois milhões de passageiros no espaço de um ano (-72%), devido à pandemia, segundo dados anteriores da ASA.
Tráfego aéreo duplica
Por outro lado, refere igualmente a ASA, os voos controlados pela FIR Oceânica do Sal aumentaram para 2.049 em junho, mais do dobro face ao mesmo mês de 2020.
Segundo os dados divulgado pela ASA, globalmente, este tráfego totalizou 10.600 sobrevoos no primeiro semestre, uma quebra de 29% face ao mesmo período de 2020 (15.034) e menos 46% face a 2019 (27.951), neste caso antes dos efeitos da pandemia de covid-19 no tráfego aéreo.
Desde Abril de 2020 (mínimo histórico de 512 sobrevoos) que o tráfego aéreo controlado pela FIR (região de informação de voo) Oceânica do Sal crescia todos os meses, até cair de Dezembro para Janeiro (para 1.838) e depois de Janeiro para Fevereiro (1.424), dois meses marcados pela reposição das restrições nas viagens internacionais, sobretudo nos países europeus, com novas vagas da pandemia.
Entretanto, cresceu em Maio para 2.038 (622 em 2020 e 4.751 em 2019) e em Junho para 2.049 (831 em 2020 e 4.849 em 2019), o valor mensal mais alto desde o início da pandemia.
“A partir de Abril de 2020 houve a suspensão da maioria dos voos comerciais a nível mundial. Tais comportamentos justificam as variações deste ano. Durante este semestre continuam os sucessivos avanços e recuos nos processos de abertura de fronteiras nos países europeus e as respectivas restrições à circulação impostas pelos governos desses países para a América e África, influenciando directamente o tráfego de sobrevoos na nossa FIR”, refere o relatório da ASA, apontando que no final do primeiro semestre de 2021 registaram-se menos 4.434 sobrevoos (-29%), face a 2020.
Contudo, reconhece que é possível “verificar que em Abril, Maio e Junho deste ano, as variações já são positivas face ao período homólogo”, tendo em conta as fortes restrições que estavam em vigor nos mesmos meses de 2020.
A gestão desta FIR é uma das principais fontes de receitas do sector aeronáutico de Cabo Verde. Os rendimentos da ASA com o sector da navegação aérea cresceram 19% de 2017 para 2018, para 2.945 milhões de escudos, o equivalente a 43% de todas as receitas da empresa pública que gere os aeroportos do país.
A FIR corresponde a um espaço aéreo delimitado verticalmente a partir do nível médio do mar, sendo a do Sal – que existe desde 1980 - limitada lateralmente pelas de Dacar (Senegal), Canárias (Espanha) e Santa Maria (Açores, Portugal).
A localização estratégica da FIR do Sal coloca-a “na encruzilhada dos maiores fluxos de tráfego aéreo entre Europa e a América do Sul e entre a África Ocidental e a América do Norte e Central e as Caraíbas”, explicou anteriormente a ASA.
O pico histórico mensal do movimento na FIR Oceânica do Sal registou-se em Julho de 2019, com um total de 5.424 aeronaves controladas, equivalente a 175 sobrevoos diários.
O Centro de Controlo Oceânico do Sal funciona no Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, na ilha do Sal, tendo sido inaugurado em 24 de Junho de 2004.