BCV prevê crescimento do PIB de, pelo menos, 6,6% ainda este ano

PorAndré Amaral,29 out 2021 12:10

Óscar Santos, Governador do Banco de Cabo Verde
Óscar Santos, Governador do Banco de Cabo Verde

Impactos da crise sanitária "afiguram-se persistentes", disse hoje o Governador do Banco de Cabo Verde, Óscar Santos, em conferência de imprensa. Níveis de crescimento semelhantes "aos níveis registados antes da pandemia" só deverão acontecer em 2023.

O Banco de Cabo Verde anunciou hoje que o PIB deverá crescer, até ao final deste ano, 6,6%. Um valor acima dos 4% que tinham sido anunciados pelo FMI aquando da publicação, a 12 de Outubro, do último World Economic Outlook e também acima das perspectivas apresentadas no último Relatório de Política Monetária que tinha sido publicado em Abril.

"A evolução mais favorável da actividade económica aliada à expectativa de alguma retoma do turismo no último trimestre e o pressuposto de controlo da situação pandémica no país, fundamentam perspectivas económicas mais optimistas para o final de 2021", anunciou o Governador do BCV, Óscar Santos, esta sexta-feira, em conferência de imprensa.

Durante a conferência de imprensa, Óscar Santos afastou qualquer possibilidade de o crescimento do PIB ser menor do que o projectado, dizendo mesmo que há a possibilidade de o crescimento do PIB ser superior ao que foi anunciado. "Estamos a praticamente dois meses do final do ano. Levámos em conta as informações mais recentes e esta é uma projecção mais pessimista do BCV. O que pode acontecer é que a economia cresça à volta de 7 ou 7,5%. Os 6,6% são um cenário mais pessimista tendo em conta alguma incerteza. Alguma coisa pode mudar de um dia para o outro e prejudicar as projecções, mas dificilmente vamos situar-nos abaixo dos 6,6%".

Para 2022, no entanto, o banco central anunciou um abrandamento na evolução do PIB prevendo-se "uma moderação do crescimento para cerca de 5,6 por cento".

"O ritmo de crescimento do PIB deverá desacelerar, refletindo algum aperto da política orçamental, com a redução gradual das medidas orçamentais excecionais destinadas às empresas e às famílias mais vulneráveis e a mobilização endógena de recursos para fazer face às pressões do lado das despesas públicas", acrescentou Óscar Santos.

Entretanto, numa perspectiva de uma evolução mais adversa da economia nacional, "em que é assumida a hipótese de materialização de um conjunto de riscos descendentes", o crescimento do PIB poderá situar- se nos 4,7%. "Os factores associados relacionam-se com o comportamento do consumo, o ritmo de recuperação das exportações de turismo, e os efeitos da crise no crescimento através do possível impacto no desemprego e na falência de algumas empresas", aponta o BCV.

Subida da taxa de inflação

De acordo com o novo Relatório de Política Monetária, a taxa de inflação, tudo aponta, vai subir devendo "atingir 1,9%, tendo em conta o efeito desfasado da inflação importada nos preços internos, o impacto da previsão de agravamento do IVA e de alguns direitos de importações de bens, bem como, a actualização em alta dos preços da electricidade a partir de Outubro de 2021 com maior efeito em 2022", lê-se. No entanto, num cenário de evolução mais adversa a taxa de inflação crescerá 2,7%.

Questionado sobre esta possibilidade, o governador do BCV disse que "o mais provável é que tenhamos 2,7%, tendo em conta alguns constrangimentos de oferta, a nível internacional. Os preços dos combustíveis e da energia estão a subir, temos a questão da China e da falta de oferta de semi-condutores. Tudo isso são constrangimentos que podem colocar alguma pressão sobre a inflação. Durante muito tempo falou-se que a inflação era temporária, mas hoje a maior parte dos bancos centrais está preocupada com o fenómeno da inflação. Mas até ao final do ano ou primeiro trimestre do próximo ano vamos ver se esses constrangimentos de oferta se vão resolvendo e, aí sim, poderemos ter maior estabilização dos preços".

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Autoria:André Amaral,29 out 2021 12:10

Editado porSara Almeida  em  1 ago 2022 23:29

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