A posição foi expressa hoje, pelo presidente da Câmara de Comércio de Barlavento, Jorge Maurício, um dos palestrantes do painel sobre “O papel da Zona Económica Especial Marítima em São Vicente no desenvolvimento do país”, no âmbito da quarta edição da Cabo Verde Ocean Week, que decorre até 26 de Novembro, no Mindelo.
“Nós entendemos que o Estado deve regular, deve fiscalizar ainda melhor, deve criar toda a infraestrutura, toda a plataforma técnica, tecnológica, científica, de educação, de segurança, do ambiente, para que depois os privados possam, de forma adequada, estabelecer as suas bases com operações acessíveis com uma administração rápida porque o tempo da administração pública não pode ser o tempo dos privados”, defende.
“A curtíssimo prazo o sector privado deve constar da organização da Zona Económica Especial Marítima em São Vicente, sob pena de não estarmos alinhados com a ideologia que nós definimos para o mercado e para o desenvolvimento da própria actividade económica”, refere.
Jorge Maurício espera que a ZEEMSV tenha um regime fiscal e aduaneiro muito favorável, que seja propício para potenciar projectos e actividades relacionadas, preferencialmente, com a economia do mar, para além de outras actividades conexas que possam atrair investimentos nacionais e internacionais.
Também defende que o seu financiamento seja público e privado para mitigar o risco e a procura do autofinanciamento, assim como uma agenda definida, prioritariamente, pelas empresas que farão parte da Zona Económica Especial Marítima em São Vicente.
“Nós esperamos também que haja uma missão de reunir empresas para consolidar a posição internacional, oferecendo um acesso fácil aos mercados em Cabo Verde. Mas nós temos de pensar Cabo Verde como um mercado global”, diz.
O representante dos empresários da região de barlavento defende que Cabo Verde tem de aproveitar mercados como a Zona de Comércio Livre Continental Africana, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), o espaço europeu e os Estados Unidos da América.
Outro foco, de acordo compresidente da Câmara de Comércio de Barlavento, deverá passar por oferecer oportunidades para empresas industriais e comerciais, infraestrutura e desenvolvimento do serviço de logística, especialmente serviço de suporte à frota de navios de pesca no Atlântico médio.
“É um mercado que está à vista de todos os parceiros da comunidade portuária, mas não está à vista do grande público e dos grandes decisores. Nós recebemos mais de 350 navios de pesca por ano. Isto é importantíssimo, porque depois há uma grande economia a funcionar”, aponta.
Também defende que o mercado de cruzeiro deve ser potenciado, assim como o bunkering e o transbordo de contentores.
O projecto da Zona Económica Especial Marítima de São Vicente teve um forte apoio da República Popular da China, principalmente na elaboração do estudo de viabilidade do investimento, estimado em cerca de 2 mil milhões de dólares.