A instituição refere no relatório que o PIB de Cabo Verde cresceu 7% “a partir do nível excessivamente baixo de 2020” o que reflecte uma “recuperação económica gradual”.
O documento refere que os sectores do comércio e da construção “impulsionaram o crescimento” enquanto a hotelaria e a restauração “permaneceram em níveis bastante baixos”.
No relatório o Banco Mundial aponta igualmente que com a recuperação económica registada em 2020 deu-se “uma ligeira redução da pobreza”. Ainda assim, em 2021, 33% da população ainda era considerada pobre.
Economia Digital
Além dos dados sobre crescimento económico e sobre a evolução da pobreza em Cabo Verde, o Banco Mundial aponta igualmente caminhos a serem seguidos e alerta para a “dependência excessiva do turismo” e o impacto que o Sector Empresarial do Estado pode ter nas contas públicas do país.
No documento lê-se que o “modelo de desenvolvimento é caracterizado por uma dependência excessiva do turismo, forte presença do Governo na economia e grandes fluxos de Investimento Directo Estrangeiro direccionados a hotéis ‘all inclusive’, com pouca conexão com outros sectores da economia”.
Dessa forma o Banco Mundial aponta para a importância do designado “Arquipélago Digital” que está a ser implementado pelo governo para diversificar a economia nacional e tornar Cabo Verde num centro de prestação de serviços digitais.
“O país tenciona criar um ambiente para acolher prestadores de soluções tecnológicas, desenvolver talentos nas TICs e adoptar tecnologias para impulsionar produtividade em todas as indústrias”, refere o Banco Mundial.
Destacando que 62% da população tem acesso à internet, o que coloca Cabo Verde à frente de outros países, o Banco Mundial aponta a largura de banda “limitada” como grande deficiência.
“Apesar de avanços significativos, as tecnologias 2G (segunda geração) dominam o mercado da banda larga móvel, a velocidade de conexão à Internet também demonstra uma má performance”, aponta o documento.
Sector Empresarial do Estado
No documento que foi apresentado esta terça-feira o Banco Mundial refere que a crise gerada pela pandemia de COVID-19 “afectou negativamente” o Sector Empresarial do Estado (SEE).
“As pressões políticas contra a continuidade da consolidação fiscal após a crise também podem inviabilizar os esforços de reforma do SEE. No entanto, as autoridades continuam empenhadas em continuar a melhorar a gestão do risco orçamental, com vista a reduzir o peso da dívida e melhorar a prestação dos serviços públicos a médio prazo”, refere o relatório.
“O aumento de exposição a passivos contingentes em 2020 e 2021 veio somar aos já elevados riscos fiscais. Essas vulnerabilidades podem comprometer os esforços de Cabo Verde em restaurar a sustentabilidade fiscal e reorientar a dívida (enquanto percentagem do PIB) para uma trajectória descendente a médio prazo”, acrescenta.
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FMI corta crescimento económico mundial deste ano para 3,2%
O Fundo Monetário Internacional reviu hoje em baixa de 0,4 pontos percentuais a previsão de crescimento mundial para 3,2% este ano, devido ao impacto da guerra na Ucrânia, desaceleração mais acentuada na China e aperto das condições financeiras.
Na actualização das projecções económicas mundiais, divulgadas hoje, o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global desacelere de 6,1% no ano passado para 3,2% em 2022, 0,4 pontos percentuais (pp) abaixo do esperado em Abril.
Um menor crescimento no início deste ano, uma redução do poder de compra das famílias e a política monetária mais restritiva levaram a uma revisão em baixa de 1,4 pontos percentuais nos Estados Unidos para 2,3%, aponta o FMI.
Na China, os novos confinamentos e o aprofundamento da crise imobiliária levaram o crescimento a ser revisto em baixa de 1,1 pp., para 3,3%.
O FMI explica que o corte resulta da materialização de alguns dos riscos identificados em Abril, como uma desaceleração mais acentuada na China devido aos confinamentos prolongados, aperto das condições financeiras globais associadas a expectativas de aumentos mais acentuados das taxas de juros pelos principais bancos centrais para aliviar a pressão inflacionista e repercussões da guerra na Ucrânia.
A instituição com sede em Washington cortou ainda o crescimento económico mundial de 2023 para 2,9%, menos 0,7 pp. do que o esperado em Abril.
O FMI prevê que as economias avançadas cresçam 2,5% este ano e 1,4% em 2023 e os mercados emergentes e economias em desenvolvimento avancem 3,6% este ano e 3,9% em 2023.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1078 de 27 de Julho de 2022.