Do lado da procura – ou seja, a soma das despesas dos vários agentes económicos com compras de produtos e serviços finais produzidos no país – a evolução de 2021 é explicada pelos aumentos nas despesas de consumo final (+10,1%) e nas Importações (+5,4%). Do lado da oferta – que traduz o crescimento económico do país e corresponde à soma dos Valores Acrescentados Brutos pelas empresas do país – houve esta evolução homóloga positiva de 7,0%, destacando-se as actividades do comércio, dos transportes, da educação e da saúde humana e acção social. Os impostos líquidos de subsídios apresentaram uma evolução homóloga positiva de 7,3%.
No ano de 2021, o PIB registou assim uma taxa superior em 27,8 pontos percentuais à verificada no ano de 2020. A análise do PIB, na óptica da procura, mostra que as despesas do consumo final das famílias e da administração pública tiveram, ambas, variações em volume de +10,0%, e as das Instituições Sem Fins Lucrativos (ISFL), +17,1%. O Investimento registou uma variação positiva, de 2,4%, em volume (+0,1% em 2020). As exportações registaram uma diminuição de 2,9% em 2021 (+53,6 pontos percentuais face a 2020) e as importações evoluíram positivamente, com um aumento de 5,4% (+30,6% face a 2020).
O desenvolvimento da procura interna, reflexo do aumento do investimento e do consumo público, determinou o desempenho da economia nacional, pelo menos durante a primeira metade do ano. O aumento do investimento explica-se, por um lado, pelas execuções, em fase de conclusão, de projectos de investimentos externos nos sectores do turismo e imobiliária e pelos investimentos públicos e, por outro lado, pelo aumento do crédito à economia, financiado, em parte, pelas linhas de crédito com garantia do Estado e a taxas de juro excepcionalmente baixas, no contexto de medidas de abrandamento dos efeitos da pandemia.
O aumento das despesas públicas no reforço das estruturas de saúde e das condições de resposta à crise sanitária e no alívio do impacto social justificam, por outro lado, a evolução do consumo público.
Com uma influência negativa no desempenho da economia nacional em 2021, destaca-se a queda do valor acrescentado bruto do sector do alojamento e restauração por causa da procura turística relativamente fraca, bem como pela redução dos impostos líquidos de subsídios explicada pelas medidas orçamentais excepcionais de mitigação dos efeitos da pandemia na liquidez das empresas e no rendimento das famílias.
Óptica da produção
Segundo a análise do PIB na óptica da produção, as actividades que mais contribuíram para a variação total do PIB foram o comércio (+0,9 p.p.), transporte (+3,4 p.p.), educação (+1,0 p.p.) e saúde (+0,7 p.p.).
Em termos globais, o sector primário teve uma queda de 7,1% e no sector secundário, embora tenha registado uma variação negativa de 1,8%, a taxa foi superior em 15,9 pontos percentuais à verificada em 2020. O sector terciário evoluiu positivamente, registando um aumento de 10,3%, comparativamente ao ano de 2020.
A variação positiva no sector terciário explica-se, fundamentalmente, com o aumento do VAB nas atividades de comércio (+8,9%), de transporte (+46,5%), educação (+17,7%) e saúde (+25,8%). Por sua vez, os impostos líquidos de subsídios sobre os produtos, em termos reais, apresentaram uma variação de +7,3% em 2021, contribuindo em 1,0 pontos percentuais para a variação total do PIB.
Evolução da economia mundial 2021
O ano de 2021 foi o segundo da pandemia da Covid-19 – o primeiro caso foi conhecido na China no final de 2019. A conjuntura económica mundial continuou caracterizada por um clima de grande incerteza agravado pelo surgimento de novas variantes da doença.
A área do euro entrou numa trajectória mais firme de recuperação, tendo o crescimento do PIB real atingido 5,3%, embora o crescimento tenha abrandado no final do ano, uma vez que a variante Ómicron do coronavírus levou à introdução de novas restrições.
A economia mundial também registou uma forte recuperação face à crise, mas os progressos foram desiguais. Após uma contração de 3,1% em 2020, o PIB real mundial aumentou 6,2% em 2021, apesar das novas vagas da pandemia. A reabertura das economias, o aumento das taxas de vacinação e o apoio atempado em termos de políticas foram os principais factores estimuladores da retoma da actividade económica, ao passo que os estrangulamentos no abastecimento a nível mundial funcionaram como factores adversos ao crescimento. A recuperação foi mais pronunciada nas economias avançadas e mais moderada na maioria das economias de mercado emergentes com fornecimentos de vacinas mais limitados e menor capacidade para tomar medidas de políticas de apoio.
O comércio mundial também recuperou fortemente, mas com um enfraquecimento do dinamismo no segundo semestre de 2021. A forte recuperação da procura mundial teve início sobretudo no consumo de bens e não de serviços (por exemplo, viagens e turismo), sector que enfrentou mais restrições.
A inflação mundial aumentou significativamente em 2021. Nos países pertencentes à OCDE, a inflação global aumentou para 6,6%. Na maioria dos países, o aumento originou preços mais elevados dos produtos energéticos e de outras matérias‑primas devido a desajustamentos entre a oferta limitada e a forte recuperação da procura.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1157 de 31 de Janeiro de 2024.