"O crescimento na África subsaariana deverá ser de 4,1% este ano e 4,3% em 2026, com as condições financeiras a melhorarem, a par de um declínio na inflação", diz o Banco Mundial no relatório sobre as Perspectivas Económicas Mundiais divulgado esta quinta-feira.
No documento, os economistas do Banco Mundial referem que o crescimento da economia na África subsaariana melhorou, de 2,9% em 2023, para 3,2% no ano passado, ainda assim 0,3 pontos abaixo da previsão feita em Junho.
Esta prestação pior que o previsto reflecte “o violento conflito no Sudão e desafios específicos de alguns países que influenciaram a recuperação económica do ano passado”.
O crescimento nas duas maiores economias da região, Nigéria e África do Sul, aumentou para uma média de 2,2% em 2024, apoiado por uma melhoria no fornecimento eléctrico do país da África Austral e por um aumento da produção de petróleo na Nigéria, o maior produtor da África subsaariana.
A inflação, que tem registado valores historicamente altos desde a pandemia de covid-19, teve trajectórias diversas na região, mas a maioria dos países já mostra um abrandamento do crescimento dos preços, apesar de a inflação alimentar continuar elevada.
"Ainda assim, fortes aumentos de preços persistiram nalgumas das grandes economias da região, reflectindo depreciações da moeda", lê-se no relatório, que exemplifica com os casos da Etiópia, Nigéria e Angola, que enfrentou uma inflação perto dos 30% no ano passado.
Num contexto de abrandamento da inflação, "uma gradual suavização das taxas de juros deve aumentar o consumo privado e investimento em muitos países da região", diz o Banco Mundial.
A instituição alerta, uma vez mais, que "o limitado espaço orçamental que resulta dos elevados níveis de dívida e do aumento dos custos de endividamento vai continuar a pesar na despesa pública em toda a região".
A região enfrenta também um nível baixo de crescimento do rendimento per capita, ou seja, a distribuição da riqueza produzida no país pelo número de cidadãos.
"O rendimento per capita na África subsaariana deverá crescer, em média, 1,7% por ano em 2025 e 2026, o que é abaixo da taxa de crescimento média dos mercados emergentes e economias em desenvolvimento, mesmo excluindo a China e a Índia", salientam os economistas do Banco Mundial.
Em Angola, na Guiné Equatorial e na República Centro-Africana o rendimento per capita deverá diminuir neste e no próximo ano, referem.
"Mesmo em 2026, o PIB per capita em cerca de 30% das economias da região não terá recuperado dos níveis anteriores à pandemia; assim, estas economias terão perdido vários anos de avanço do rendimento per capita e redução da pobreza", diz o Banco Mundial.
Para os países africanos lusófonos, esta instituição financeira multilateral prevê um crescimento de 5% na Guiné-Bissau neste e no próximo ano, antevendo uma expansão de 4,9% e 4,8% em Cabo Verde, 4% em Moçambique e 2,9% em Angola, ao passo que São Tomé e Príncipe deverá registar crescimentos de 3,3 e 3,6% em 2025 e 2026.
A Guiné Equatorial, o mais recente país a ganhar o estatuto de país lusófono, voltará a entrar em recessão este ano, com um crescimento negativo de 4,4%, que cai mais 0,8% em 2026, regredindo o crescimento de 4,7% que terá sido registado no ano passado.
ANO..................................2024.....2025.....2026
Angola................................3,2.........2,9..........2,9
Cabo Verde......................5,2........4,9...........4,8
Guiné-Bissau..................5,0........5,0...........5,0
Guiné Equatorial...........4,7......-4,4..........-0,8
Moçambique..................4,0........4,0...........4,0
São Tomé e Príncipe.....1,1......3,3............3,6