Gunter Pauli desafia Cabo Verde a gerar valor a partir dos próprios recursos

O economista belga e especialista em Economia Azul, Gunter Pauli, defende a optimização dos recursos e potencialidades de Cabo Verde para impulsionar o desenvolvimento económico. Gunter Pauli falava na tarde desta segunda-feira, na Praia, durante uma conversa aberta com o primeiro-ministro.

O especialista afirma que Cabo Verde precisa de uma estratégia para gerar valor com o que o país possui.

"Para competir hoje, é necessária economia de escala. Como vai Cabo Verde conseguir economia de escala? Não conseguirá. A economia de competitividade atual, de escala, é uma economia para a China, Estados Unidos, Brasil, e possivelmente para a Europa. A realidade é que temos de mudar o nosso conceito de competitividade. Competir não é ter um produto barato. Competir é saber gerar valor. Em primeiro lugar, Cabo Verde precisa de uma estratégia de valor para gerar valor com tudo o que já possui. Não podemos pensar em importar e fazer a transformação", afirma.

Em consequência das alterações climáticas, Cabo Verde depende cada vez mais de água dessalinizada para consumo.

O economista belga e especialista em Economia Azul defende que o arquipélago tem condições para apostar na indústria do betacaroteno natural.

"Tenho um grupo de investigadores no Brasil, no Rio Grande do Sul, e hoje produzimos microalgas ricas em betacaroteno, um alimento saudável, um corante, um produto vendido no mercado internacional. Isto significa que, sendo um país que necessita de água dessalinizada, é necessário desenvolver a indústria do betacaroteno. É automático, porque temos a matéria-prima. Se temos matéria-prima, é necessário gerar valor acrescentado. Esta é a verdadeira lógica da economia azul", defende.

Gunter Pauli sublinha que a aposta de Cabo Verde deve passar pela "otimização dos recursos e potencialidades existentes" para impulsionar a sua economia.

Por seu lado, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, destaca as políticas direcionadas para o fortalecimento da economia azul e sustentabilidade.

"Fazendo a ponte, assinámos com o governo português um acordo de conversão da dívida em financiamento climático que tem precisamente subjacente este efeito multiplicador. O valor da dívida que temos e pagamos anualmente pelo serviço da dívida é aplicado em fatores que reduzem a dependência de Cabo Verde em relação à importação de combustíveis e aumentam a sua capacidade de aproveitar recursos internos, como sol, vento e mar, para produzir energia. Estamos a realizar uma substituição de um gasto atual, que, se não for feito, resultará em mais gastos, como juros e recursos destinados ao pagamento da dívida. Transformá-lo em financiamento climático provoca um efeito virtuoso, não só reduzindo o peso da dívida, mas também reduzindo dívidas futuras", assegura.

O chefe do Governo sublinha a importância de sectores como o turismo, a pesca, a aquacultura e os transportes, defendendo uma gestão sustentável dos recursos e a integração das comunidades costeiras com forte consciência ambiental.

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Autoria:Fretson Rocha, Lourdes Fortes, Rádio Morabeza,29 abr 2025 12:57

Editado pormaria Fortes  em  29 abr 2025 17:22

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