BCV não se opõe à aquisição de 59,81% do BCA pela Coris Holding

PorSheilla Ribeiro, André Amaral,30 nov 2025 6:29

O Banco de Cabo Verde (BCV) anunciou esta segunda-feira, 24, que o seu Conselho de Administração, reunido a 20 de Novembro, decidiu não se opor ao projecto de aquisição de 59,81% dos direitos de voto e das acções do Banco Comercial do Atlântico (BCA) pela Coris Holding, S.A.

Num comunicado de imprensa, o BCV explica que a operação decorre do processo de venda das participações detidas pela Caixa Geral de Depósitos, S.A., e pelo Banco Interatlântico, S.A., que assinaram, em 6 de Maio de 2024, um Acordo de Transmissão de Acções com a Coris Holding.

A proposta da Coris havia sido previamente seleccionada pelo Governo português.

Segundo o BCV, a avaliação inicial não identificou indícios que colocassem em causa a idoneidade do proposto adquirente e do seu beneficiário efectivo, nem a sua solidez financeira, nem sinais de operações relacionadas com lavagem de capitais ou financiamento do terrorismo.

No entanto, subsistiam dúvidas quanto às condições exigidas para assegurar um exercício eficaz de supervisão, previstas no artigo 47.º da LAIF, que foram posteriormente ultrapassadas com novos elementos apresentados no processo.

Em 21 de Junho de 2024, a Coris Holding submeteu ao BCV o pedido de não oposição à aquisição de uma participação qualificada de controlo no BCA.

O BCV explica que, pela complexidade da operação, envolvendo uma holding com presença em várias jurisdições, e pela dimensão do BCA, classificado como banco doméstico de importância sistémica, foram necessárias diligências adicionais, incluindo pedidos de esclarecimentos e due diligence complementares.

O Banco Central informa ainda que o projecto de aquisição deverá ser concluído dentro do prazo definido pela Autoridade de Supervisão.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) anunciou em 2023 a venda da participação maioritária, 59,81% do capital social do BCA, à Coris Holding por 70,5 milhões de euros.

A alienação faz parte do plano de reorganização da actividade internacional da CGD, que vai continuar presente em Cabo Verde através do Banco Interatlântico.

A Coris Holding S.A. é uma holding financeira com sede em Burkina Faso, que controla o grupo Coris Bank International e outras subsidiárias no sector bancário e de serviços financeiros. Presente em vários países da África Ocidental, o grupo actua principalmente em serviços bancários, financiamento de pequenas e médias empresas e digitalização financeira.

Visão para o futuro

Numa recente entrevista ao Expresso das Ilhas, Idrissa Nassa, PCA do Coris Holding explicou que a instituição financeira que dirige tem uma visão clara para o Banco Comercial do Atlântico (BCA), centrada na modernização, eficiência e competitividade, alinhada com a estratégia pan-africana que tem vindo a consolidar nos mercados onde opera. A instituição, que se posiciona como o segundo maior grupo bancário da UEMOA, assume agora o objectivo de acelerar a transformação do BCA, reforçando o papel do banco como referência nacional e parceiro estratégico da economia cabo-verdiana.

Segundo o grupo, a solidez actual do BCA resulta do trabalho desenvolvido pelas equipas internas, em articulação com a Caixa Geral de Depósitos, e da estabilidade proporcionada pelas autoridades cabo-verdianas ao sector financeiro. O banco é descrito como uma instituição com “sólido potencial de desenvolvimento” e um dos seus maiores activos é precisamente o seu capital humano: cerca de 415 colaboradores cabo-verdianos cuja competência o grupo afirma ter reconhecido durante o processo de aquisição.

A ambição da Coris Holding passa por elevar o BCA a um patamar superior, transformando-o num banco mais moderno, inclusivo e competitivo, adaptado às exigências do mercado cabo-verdiano e da diáspora. Para isso, definiu três eixos de intervenção prioritária. O primeiro é a modernização e digitalização, com o objectivo de oferecer aos clientes uma experiência bancária fluida, rápida e segura, em linha com os padrões internacionais. O segundo eixo centra-se na proximidade e na qualidade do serviço, reforçando a presença no terreno, escutando as necessidades dos clientes e reduzindo prazos de resposta para melhorar os níveis de satisfação. O terceiro eixo incide no desenvolvimento de novos produtos, pensados para PME, empresas locais, comércio internacional, diáspora e sectores estratégicos como a agricultura, a construção e o turismo.

Estes objectivos integram-se na visão mais ampla do grupo, que assenta em quatro pilares estratégicos: excelência operacional, inovação tecnológica, expansão geográfica controlada e financiamento da economia real. Para a Coris Holding, o BCA encaixa plenamente nesta abordagem, oferecendo uma base sólida a partir da qual pretende acelerar o crescimento e reforçar o contributo do banco para o desenvolvimento económico do país.

Com esta estratégia, o grupo procura não apenas consolidar o BCA como operador financeiro de referência em Cabo Verde, mas também integrá-lo numa rede pan-africana que aspira liderar pela capacidade de inovação, eficiência e apoio efectivo às economias onde actua.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1252 de 26 de Novembro de 2025.

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Autoria:Sheilla Ribeiro, André Amaral,30 nov 2025 6:29

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  1 dez 2025 23:22

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