António Nhaga analisa as últimas actuações das forças de segurança para impedir a realização do congresso do PAIGC, que deveria ter começado na terça-feira.
“O que está a acontecer no nosso país, neste momento, é uma situação verdadeiramente vergonhosa. O que está a acontecer no PAIGC prova que realmente o país está dividido, assim como o partido. Neste momento, posso lhe garantir que a comunidade judiciária também está dividida, há várias providências cautelares. Isto é mesmo confuso, é uma vergonha”, considera.
Após impedir a entrada e saída da sede do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), alegando o cumprimento de ordens judiciais, os agentes da polícia arrombaram as portas da sede do partido vencedor das últimas legislativas e expulsaram do local os militantes que se preparavam para um congresso.
António Nhaga explica que não se sabe quem ordenou este tipo de actuação das forças de segurança. O país está ingovernável.
“O país está ingovernável, não sabe quem é que manda em quem. A polícia, a mando de alguém, vandaliza a porta da sede do PAIGC e expulsa as pessoas. Não se sabe quem é que lhes mandou fazer isto. Os tribunais dizem que não foram eles. Agora, estamos perante uma sociedade em que não se sabe quem é que manda, isso é uma anarquia, é uma verdadeira vergonha nacional”, diz.
Ainda na Guiné-Bissau, o presidente guineense José Mário Vaz ignorou, mais uma vez, o Acordo de Conacri e nomeou Artur Silva como sexto primeiro-ministro em três anos. Artur Silva não é apoiado pelo PAIGC.
O bastonário da Ordem dos Jornalistas da Guiné-Bissau aponta a dissolução do parlamento e a convocação de eleições como a saída para a crise política.
“Ninguém reconhece este novo primeiro-ministro. A única saída, a meu ver, é dissolver o parlamento e convocar novas eleições”, defende.
António Nhaga critica aquilo que chama de passividade da comunidade internacional perante a situação política na Guiné-Bissau.