O ataque de Israel surgiu como resposta a disparos de projécteis iranianos, a partir da Síria, contra os Montes Golã, território sírio ocupado por Israel desde 1967.
"Espero que este episódio esteja fechado e que eles tenham compreendido", disse o ministro da defesa de Israel, Avigdor Lieberman, após o ataque.
Este ataque israelita é considerado o mais agressivo, em território sírio desde 1973, data da Guerra de Yom Kippur, que colocou Israel em confronto com a Síria, Egito e Iraque, seis anos depois de Israel ter vencido os países árabes na Guerra dos Seis Dias, aproveitando essa vitória para anexar territórios, incluindo os Montes Golã à Síria, localidade que continua ocupada por Israel à margem da lei internacional.
As forças israelitas acusam os Guardas Revolucionários iranianos, com presença na Síria, onde combatem ao lado do regime de Bashar al-Assad, e em particular o general Qassem Soleimani, pelo ataque nos Montes Golã. Esta é a primeira vez que Telavive acusa Teerão de atacar diretamente. território sob controlo israelita
Muitos dos mísseis disparados por forças iranianas foram intercetados e não houve vítimas a registar. No dia anterior, logo após Donald Trump anunciar que os Estados Unidos abandonavam o acordo nuclear com o Irão, ouviram-se explosões em Damasco, em ataques atribuídos a Israel que visaram, novamente, alvos iranianos. Vários combatentes iranianos morreram.
Israel tem estado fortemente envolvido na Guerra da Síria, atacando, sobretudo, alvos do Hezbollah libanês, com quem já travou várias guerras, e do Irão. O governo israelita acusa o Irão de querer destruir o estado hebreu e já fez saber que não irá tolerar ataques contra o seu território a partir da vizinha Síria.
Paris e Moscovo já apelaram à calma, num conflito que pode escalar rapidamente, e que é cada vez mais imprevisível, sobretudo depois de os Estados Unidos terem abandonado o acordo nuclear com o Irão, considerado um dos grandes feitos diplomáticos desta década.
Os restantes países que assinaram o documento, Rússia, China, Alemanha, França e Reino Unido, já fizeram saber que pretendem que este continue em vigor, apesar da saída de Washington. O Irão também já mostrou disponibilidade para o continuar, garantindo que nunca o violou, mas sem os Estados Unidos será muito difícil que este continue a vigorar.
Ao lado de Donald Trump estão apenas Israel e a Arábia Saudita, os dois inimigos do Irão no Médio Oriente. Os sauditas já fizeram saber que, se Teerão voltar à produção de urânio, o reino sunita irá também procurar desenvolver um arsenal nuclear próprio. Israel, que possui armas nucleares, parece estar disposto a avançar com uma guerra em grande escala com o Irão, alegando que a sua existência está ameaçada por aquele país.