António Guterres discursou durante a abertura do encontro anual da Comissão Especial de Descolonização, na sede da ONU, em Nova Iorque.
O chefe da ONU disse que este era um tema próximo do seu coração, após lembrar que nasceu em Portugal durante a ditadura de António de Oliveira Salazar. Segundo o responsável, a ditadura oprimiu “não apenas o povo português, mas também o povo das ex-colónias.”
Guterres explicou que a acção dos movimentos de libertação “fez os militares portugueses perceberem que [a Guerra Colonial] era uma guerra sem sentido, que tinha de ser parada e que a única forma de a parar era com uma revolução em Lisboa.”
O secretário-geral disse que se lembra de ser jovem e ver “na propaganda do regime referências muito negativas” a esta Comissão da ONU. Por isso, explicou, foi muito “emocionante”, depois de “viver de forma tão intensa” a libertação do seu país e das ex-colónias, ser presidente temporário da comissão na sessão de abertura.
O secretário-geral mencionou depois o envolvimento da ONU nos processos de independência das últimas décadas. Segundo ele, “a descolonização ajudou a transformar a adesão das Nações Unidas, impulsionando o crescimento dos 51 membros originais para os 193 de hoje.”
Para o chefe da ONU, “a descolonização é um dos capítulos mais significativos da história da organização.”
Lembrando que ainda existem 17 territórios não autónomos em todo o mundo, Guterres afirmou que “essa história ainda está a ser escrita” e que cada um dos casos “merece atenção”.
Para alcançar a descolonização, Guterres diz que “as vozes dos povos dos Territórios devem ser ouvidas”, como aconteceu neste caso.
O secretário-geral afirmou que a cooperação de todos os interessados é “vital”. É também “primordial” que os povos compreendam as opções disponiveis e que têm direito de escolher livremente.