No documento, que a Lusa teve acesso, Aristides Gomes justifica a nomeação de Simões Pereira (presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde) com a necessidade de "apetrechamento do gabinete do primeiro-ministro com capacidades técnicas adequadas".
Aristides Gomes considera ainda "crucial e pertinente" a indicação de Simões Pereira para o seu gabinete no âmbito das respostas às exigências que o seu Governo enfrenta na implementação do plano estratégico operacional Terra Ranka (`o país arrancou`, em tradução livre) que é a base programática do actual executivo.
Aquele programa foi apresentado aos doadores da Guiné-Bissau numa mesa redonda, em 2015, na Bélgica, tendo recebido promessas de apoios financeiros, na ordem de 1,5 mil milhões de dólares (1,33 milhões de euros), mas esse apoio nunca chegou a ser materializado já que o então Governo, liderado por Domingos Simões Pereira, seria demitido meses depois, pelo chefe de Estado guineense, José Mário Vaz.
Evocando divergências políticas e pessoais desde aquela altura, José Mário Vaz recusou-se, por duas vezes, a nomear Domingos Simões Pereira primeiro-ministro, mesmo perante a vitória eleitoral do PAIGC, com o qual sempre se apresentou nas eleições como candidato ao cargo.
Por ter recusado o nome de Domingos Simões Pereira, o PAIGC indicou Aristides Gomes, dirigente do partido e então chefe do Governo cessante, para o cargo de primeiro-ministro e foi aceite por José Mário Vaz.
O novo Governo foi nomeado a 3 de Julho, quase quatro meses depois das eleições legislativas, realizadas a 10 de março.