"Serei ao mesmo tempo Presidente da República e Ministro dos Negócios Estrangeiros. Eu é que vou ditar a política externa da Guiné. Temos de resgatar a imagem da Guiné, temos de dignificar e fortificar a política externa da Guiné-Bissau, como fiz quando era primeiro-ministro, e por isso a Guiné-Bissau tem de ser um país de respeito, de gente boa e de pessoas dignas, com princípios. Não é um país onde o Presidente da República parece uma Presidente da República das bananas", afirmou Umaro Sissoco Embaló em entrevista à Lusa.
Questionado sobre como vai ser a sua relação com o Governo de Aristides Gomes, o candidato apoiado pelo Movimento para a Alternância Democrática da Guiné-Bissau (Madem G15) salientou que aquele Governo foi demitido.
"O Presidente da República exonerou o Aristides Gomes, em consequência também o Governo. O que vou fazer é convidar de novo o PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde, vencedor das legislativas) a indicar-me, sugerir um nome, mesmo que seja o de Domingos Simões Pereira. Eles é que têm uma maioria relativa, mas o Aristides já não é Governo para mim, porque quem nomeia, exonera e dá posse é o Presidente da República", disse.
Na entrevista à Lusa, o general na reserva criticou também a permanência da força de interposição da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) no país (Ecomib) e condenou a sua utilização pelo atual chefe de Estado, José Mário Vaz, e pelo líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira.
"Para mim é uma traição à pátria. Aceitarmos tropas estrangeiras na Guiné-Bissau, isso é grave", afirmou.
Sobre as decisões tomadas na cimeira extraordinária da CEDEAO sobre a Guiné-Bissau, realizada no dia 08 no Níger, o antigo primeiro-ministro disse que condenou "vigorosamente" as decisões.
Os chefes de Estado da CEDEAO decidiram reforçar a presença da força de interposição Ecomib no país e advertir o Presidente guineense, José Mário Vaz, de que qualquer tentativa de usar as forças armadas para impor um ato ilegal será "considerada um golpe de Estado", depois de o chefe de Estado ter exonerado o Governo de Aristides Gomes e nomeado um outro liderado por Faustino Imbali, que acabou por se demitir na sequência de ameaças de sanções.
"A Guiné-Bissau é um membro de pleno direito da CEDEAO. Não é a CEDEAO que tem de inverter a nossa Constituição. Primeiro é a Constituição e depois a CEDEAO. A comissão da CEDEAO não tem essa competência, mas como felizmente vou ganhar as eleições, quando eu lá chegar, ponho tudo no lugar", disse Umaro Sissoco Embaló.
"Não podemos aceitar a invasão da tropa estrangeira, não negociamos a independência, proclamámos a nossa independência, a Guiné-Bissau é um país soberano", acrescentou.
Na mesma entrevista à Lusa, realizada em Caió, a cerca de 100 quilómetros de Bissau, e onde foi feita uma das maiores apreensões de cocaína da história do país, o candidato apoiado pelo Madem G15 disse que é um homem de paz, de concórdia, mas que se for eleito Presidente não terá lugar no país para bandidos e marginais.
Assim, Umaro Sissoco Embaló sugere a pena de morte para traficantes de droga caso seja eleito Presidente da Guiné-Bissau.
"Os bandidos? Tenho lugar para eles na cadeia. Os marginais? Tenho lugar para eles na cadeia. Droga? Eu vou mesmo sugerir a pena de morte para os traficantes se for eleito. Para mim é intolerante, não podemos estar aqui a banalizar uma sociedade a traficar drogas. Aqui não é a Colômbia e a gente conhece as pessoas que traficam droga. As pessoas que utilizam a Guiné-Bissau como passagem de droga. Haverá pena de morte para essas pessoas", afirmou Umaro Sissoco Embaló.
A Guiné-Bissau realiza eleições presidenciais em 24 de Novembro, estando a segunda volta, caso seja necessária, marcada para 29 de Dezembro.
Participam na campanha eleitoral, que termina em 22 de Novembro, 12 candidatos aprovados pelo Supremo Tribunal de Justiça.