Numa entrevista hoje publicada, Jens Stoltenberg referiu que a ascensão do país asiático já está a ter impacto na segurança europeia, face às suas capacidades cibernéticas, novas tecnologias e mísseis de longo alcance.
Como defender os aliados dessas ameaças vai ser abordado de forma "integral" na nova doutrina da aliança para a próxima década, apontou.
O repensar dos objectivos da aliança ocidental reflete o pivot geoestratégico dos Estados Unidos para a Ásia, que passou a envolver maior coordenação com países da região.
A relação entre Pequim e Washington, assente nas últimas décadas no envolvimento e diálogo, degradou-se rapidamente, nos últimos anos, marcada por atritos no comércio, tecnologia, Direitos Humanos ou segurança.
Washington mudou então para uma política de "competição estratégica" integral com Pequim.
"A NATO é uma aliança da América do Norte com a Europa. Mas esta região enfrenta desafios globais: terrorismo, cibersegurança, mas também a ascensão da China. Portanto, quando se trata de fortalecer a nossa defesa colectiva, trata-se também de como lidar com a ascensão da China", disse Stoltenberg, citado pelo Financial Times.
A NATO vai adoptar o seu novo conceito estratégico numa cimeira marcada para o verão de 2022, que delineará o propósito da aliança para os próximos 10 anos.
A versão catual, adoptada em 2010, não contém qualquer referência à China.
Stoltenberg disse que os aliados vão procurar "reduzir" as actividades fora das suas fronteiras e "aumentar" a resiliência defensiva doméstica, visando resistir melhor a ameaças externas.
"A China está a aproximar-se de nós... . Vemos no Ártico, no ciberespaço, no forte investimento em infraestrutura crítica nos nossos países", descreveu.
A China testou um míssil hipersónico com capacidade nuclear em Agosto, demonstrando uma capacidade avançada de armas de longo alcance que surpreendeu a inteligência dos Estados Unidos e destacou o rápido progresso militar que Pequim fez nas armas de próxima geração.
Stoltenberg lembrou também que a Rússia e a China não devem ser vistas como ameaças separadas.
"A China e a Rússia trabalham juntas", disse. "Quando investimos mais em tecnologia, estamos a pensar em ambos os países", justificou.
"É um grande espaço de segurança e temos que lidar com isto todos juntos. O que fazemos na prontidão, na tecnologia, na cibersegurança ou na resiliência é importante para todas estas ameaças", acrescentou.