Rússia lamenta resposta dos EUA à sua principal exigência sobre Ucrânia

PorExpresso das Ilhas, Lusa,27 jan 2022 14:49

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, disse hoje que os Estados Unidos não deram uma resposta positiva à "principal exigência" russa, nomeadamente o fim do alargamento da NATO, em particular à Ucrânia.

"Não há resposta positiva para a questão principal" na carta de Washington recebida por Moscovo, mas "há uma reacção que dá esperança ao início de uma conversa séria sobre questões secundárias", indicou Lavrov, citado num comunicado.

"A nossa questão principal é a inaceitabilidade da expansão contínua da NATO para o leste e a introdução de armas de ataque que podem ameaçar o território russo", sublinhou Sergei Lavrov, denunciando, mais uma vez, a "expansão desenfreada" da Aliança Atlântica, apesar das promessas feitas a Moscovo na década de 1990.

A Rússia, que tem concentrado dezenas de milhares de militares nas fronteiras ucranianas, exige ao Ocidente garantias por escrito em relação à sua segurança, incluindo o fim da expansão da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) para leste, em particular para a Ucrânia e a Geórgia, o fim de toda a cooperação militar com as antigas repúblicas soviéticas e a retirada de tropas e armamento da NATO para as posições que ocupava antes de 1997.

Os Estados Unidos e a NATO rejeitaram na quarta-feira estas exigências, garantindo, no entanto, que querem discutir seriamente com a Rússia os seus receios.

Lavrov insistiu que "o direito de escolher as suas alianças é claramente condicionado pela necessidade de levar em conta os interesses de segurança de qualquer outro Estado", incluindo a Rússia, princípio que, segundo defendeu, foi "deliberadamente ignorado" pelos ocidentais.

"Não podemos aceitar essa posição", adiantou ainda, acrescentando que Moscovo está a "estudar a resposta recebida pelos norte-americanos" e pela NATO, sendo que a decisão final cabe ao Presidente Vladimir Putin.

Segundo o Kremlin, "não há muitos motivos para optimismo" face às respostas dadas pelos Estados Unidos e pela NATO, mas "ainda há perspectivas para dialogar".

"Todos os documentos estão agora na posse do Presidente, que levará tempo para analisá-los. Não vamos tirar conclusões precipitadas... Mas não há muitos motivos para optimismos", disse hoje o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em conferência de imprensa, acrescentando que ainda há possibilidades de diálogo, e que isso é do interesse tanto da Rússia como dos EUA.

Peskov destacou que o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, rejeitaram na quarta-feira, "de forma inequívoca" as principais preocupações que a Rússia levantou relativamente a um modelo de segurança na Europa.

Blinken garantiu na quarta-feira que irá manter-se a política de "portas abertas" da NATO e reiterou que Washington está disposto a falar com Moscovo sobre o controlo de armas ou a transparência nos exercícios militares, tal como tem declarado nas últimas semanas em várias ocasiões.

Horas antes de receber as respostas, por escrito, de Washington e da NATO, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, disse que a Federação Russa esperava uma resposta "construtiva" às suas exigências.

"Se não houver uma resposta construtiva e o Ocidente continuar o seu 'curso agressivo', tal como disse o Presidente, tomaremos as respectivas medidas de resposta", avisou.

Moscovo acompanhou as suas exigências com uma pressão importante, ao destacar mais de cem mil soldados para a fronteira com a Ucrânia, o que levou o Ocidente a admitir que Putin possa estar a planear um ataque, que, segundo Washington, pode ocorrer até meados de Fevereiro.

Na conferência de imprensa de hoje, o porta-voz do Kremlin precisou que as respostas ocidentais estão a ser analisadas pela administração presidencial e pelo Governo, bem como pelo Conselho de Segurança russo.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,27 jan 2022 14:49

Editado porAndre Amaral  em  19 out 2022 23:28

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