Guiné-Bissau/Eleições: CEDEAO destaca tranquilidade e "participação notável" acima de 70%

PorExpresso das Ilhas, Lusa,4 jun 2023 22:39

​O chefe da missão de observadores da CEDEAO, Jorge Carlos Fonseca, considerou que as eleições legislativas de hoje na Guiné-Bissau decorreram num ambiente de "tranquilidade e civismo" e destacou a "participação notável" acima de 70%.

Em declarações à agência Lusa após o encerramento das urnas, às 17:00 locais (18:00 em Lisboa), o ex-presidente de Cabo Verde disse que, pelas "mais de duas dezenas" de mesas por que passou, ficou "bem impressionado", nomeadamente pela "boa convivência" entre delegados de partidos rivais.

"Houve pessoas que até usaram o esquema de colocarem pedras para marcarem o lugar antes das 07:00", hora a que começou a votação, disse o líder da missão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

Jorge Carlos Fonseca falou à Lusa na Unidade Escolar Dr. José Ramos-Horta, no bairro de Quelelé, na periferia da capital guineense, Bissau, onde já se tinha iniciado a contagem dos votos pelos delegados das mesas.

Sobre a participação eleitoral, referiu que pelo que viu "é superior a 70, 75% e em alguns casos acima de 80%, o que é notável, comparando, por exemplo, com um país como Portugal, ou mesmo Cabo Verde seriam votações extraordinárias. 

"Então isso demonstra uma vontade e uma vitalidade de participação dos guineenses para construir a democracia, construir o Estado de direito, o que sempre é muito louvável", acrescentou.

Jorge Carlos Fonseca alertou, no entanto, que "depois dos resultados podem surgir eventualmente outro tipo de problemas que já ultrapassam a natureza e função de uma missão de observação eleitoral".

Dizendo esperar que esses problemas não aconteçam e que "o resultado seja interessante e positivo", o ex-chefe de Estado cabo-verdiano ressalvou que não pode falar pela CEDEAO, mas aconselhou a organização a "estar atenta".

"Normalmente é o pós-eleições que tem gerado alguns problemas, vamos estar atentos e ver esperando o melhor", disse, acrescentando que "os problemas que poderão vir têm a ver mais com a gestão política, com as maiorias, com a formação do Governo, com a relação entre os actores políticos".

Questionado sobre se os confrontos no Senegal, após a condenação a dois anos de prisão do opositor Ousmane Sonko e que já provocaram pelo menos 16 mortos, poderão ter um efeito de contágio na Guiné-Bissau, Jorge Carlos Fonseca disse que não pode falar em nome da CEDEAO, mas considerou que o Senegal "é uma democracia consolidada", em termos africanos.

"É uma democracia de referência, tem instituições mais ou menos com solidez, não é um país onde haja tradição de golpes de Estado, de golpes de força e, portanto, espero que as coisas sejam resolvidas institucionalmente através do diálogo", concluiu.

Já a Comissão Nacional de Eleições (CNE) da Guiné-Bissau apelou à população para se manter "calma, serena e vigilante" até à divulgação dos resultados das eleições legislativas de hoje e pediu "sentido de responsabilidade" aos partidos.

Num comunicado de balanço lido pelo secretário-executivo adjunto Idrissa Djaló, a CNE apelou à "tolerância, serenidade e sentido de responsabilidade" de todos os actores envolvidos no processo eleitoral, nomeadamente partidos e coligações e comunicação social, e a que mantenham "uma conduta cívica exemplar" neste "momento crucial e delicado que o país vive".

A CNE considerou que as eleições decorreram "num clima de muita cordialidade, cooperação e solidariedade" e de forma "ordeira e pacífica".

Idrissa Djaló afirmou que os resultados provisórios das eleições serão divulgados "a partir de quarta-feira".

Mais de 900 mil guineenses foram chamados hoje a eleger os 102 novos deputados do parlamento e o partido que irá formar Governo, entre 20 partidos e duas coligações.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,4 jun 2023 22:39

Editado porDulcina Mendes  em  29 fev 2024 23:28

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