No discurso de abertura da 7.ª Cimeira União Africana-União Europeia, que decorre hoje e terça-feira em Luanda, António Costa afirmou que o encontro ocorre "num momento crítico para o mundo".
"A guerra regressou à Europa e persiste em vários locais de África e no Médio Oriente. A desinformação e a interferência externa estão a aumentar, minando as nossas democracias", alertou.
O líder europeu apontou ainda outros desafios globais, como a "turbulência" dos mercados internacionais, os níveis "incomportáveis" da dívida pública e a crescente pressão sobre o multilateralismo e a ordem internacional baseada em regras.
Mencionando a história de Angola no pós-independência, António Costa afirmou que ela demonstra que "um mundo onde os blocos se confrontam" é "um mundo de dificuldades" e sublinhou que "a cooperação multilateral é essencial".
Costa pelou à construção de um futuro próspero e sustentável, orientado pelo multilateralismo, e lembrou que juntos, África e Europa, representam "40% dos membros das Nações Unidas", totalizando quase "dois mil milhões de cidadãos", com a responsabilidade de "moldar uma governação global mais justa".
O presidente do Conselho Europeu sublinhou que os dois blocos têm estado "lado a lado" na defesa de uma representação mais forte de África nas instituições internacionais, considerando que uma "voz unida" é fundamental para o progresso. Assinalou a este propósito avanços recentes, como a adesão da União Africana ao G20 e a realização, pela primeira vez este ano, de uma cimeira do G20 em África, organizada pela África do Sul.
António Costa afirmou que a coordenação deve ser reforçada em todas as grandes discussões multilaterais que se avizinham e garantiu que a União Europeia é "o principal parceiro de segurança de África".
"Este é também um investimento na própria segurança europeia", complementou, afirmando empenho na mobilização de todo o leque de "ferramentas de segurança e defesa, desde missões civis e militares, até à consolidação da paz, estabilização, combate a ameaças híbridas, ciberataques, desinformação, terrorismo".
Acrescentou que os esforços europeus apoiam "a estabilidade africana, a integração regional e respostas abrangentes aos desafios de segurança".
António Costa frisou que a parceria entre os dois continentes "se baseia em interesses partilhados e num benefício mútuo genuíno", defendendo o "enorme potencial" para aprofundar a cooperação no comércio, integração regional, cadeias de abastecimento resilientes e matérias-primas críticas, pilares que considerou essenciais para a prosperidade comum.
"Isto não é uma abordagem transacional. É uma parceria que cria valor para ambos os continentes, reforçando a autonomia estratégica de África e não criando novas dependências", afirmou.
"Mais do que nunca, neste mundo incerto e contestado, a União Europeia é e continuará a ser um parceiro credível, fiável, atento e sólido para a África", concluiu, defendendo a necessidade de construir "um futuro próspero e seguro juntos".
Foto: Facebook
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