São duas as artes que identificam Kaká Barboza – amúsica, de que foi um exímio compositor e instrumentista, e a escrita, como poeta e contista, uma na mão direita, outra na mão esquerda – onde explorou a sonoridade e as técnicas de compor e de contar. Para ele, a arte foi um cantar só.
Kaká Barboza foi um ‘descantador’, no sentido de uma pessoa que descanta, ou seja, de alguém que canta ao som de instrumentos musicais – mas que também canta no silêncio da escrita – as estórias e os contos da sua vivência, as suas memórias, a sua ribeira. Daí que as suas estórias e contos, melhor dizendo, esses ‘contares’, serem celebrações alegres e festivas, muito embora em notas e tons de crítica.
Kaká Bartbosa é autor de três publicações em língua cabo-verdiana – Vinti Xintido letradu na kriolu (1984), Son di ViraSon (1996) e Konfison na Finata (2003) – e quatro em português – Chão Terra Maiamo (2001), Cântico às tradições (2004), Gaveta Branca (2015) e Descantes da minha Ribeira. Estórias & Contos (2018).
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 962 de 6 de Maio de 2020.