Em declarações aos jornalistas, na cidade da Praia, no final da cerimónia de abertura do ano judicial, Óscar Tavares não mencionou processos em concreto e nem se as investigações têm a ver com o mais recente caso noticiado pela agência cabo-verdiana de notícias Inforpress, sobre turismo sexual na ilha do Sal, envolvendo associações locais que serviam de "ponte" entre crianças e turistas.
Na mesma altura, o Instituto Cabo-verdiano da Criança e do Adolescente (ICCA) informou que encaminhou para o Ministério Público três denúncias de menores da localidade de Terra Boa, na ilha do Sal, envolvidos em esquemas de turismo sexual.
"Tem havido processos que estão a ser investigados no âmbito de crimes por crimes de tráfico de pessoas, que envolve exploração sexual. São processos que têm sido investigados e que estão em andamento, com maior incidência no Sal e na Boavista", disse o PGR cabo-verdiano.
Óscar Tavares afirmou que o Ministério Público está ciente da dimensão da questão do turismo e os seus aspetos negativos, pelo que tem formado os seus magistrados e trabalhado em conjunto com as organizações não governamentais, para identificação das vítimas e seu retorno.
"As investigações podem levar a concluir que haverá outras partes do território nacional que possam ter também essa reação, mas neste momento os processos que temos relativamente ao tráfico de pessoas para exploração sexual e também o tráfico corporal têm maior incidência nas ilhas do Sal e da Boavista", reforçou.
De acordo com o relatório de atividades do Ministério Público de Cabo Verde, no ano judicial de 2017/2018 os crimes sexuais aumentaram quase 60%, de 523 para 823 casos, mais de um terço dos quais é referente a abusos sexuais de crianças.
Dos crimes sexuais registados, 38% correspondem a abusos sexuais de crianças, 33% a agressões sexuais.
Do total, 9% correspondem a agressões sexuais com penetração e 10% são referentes a abusos sexuais de menores entre 14 e 16 anos.