O fim da operação da TACV para São Vicente aconteceu em Setembro de 2017, por decisão da nova gestão da empresa. A retoma dos voos, tal como acontecia até Setembro de 2017, tem sido uma exigência, nomeadamente, dos operadores económicos, os mais afectados pela medida.
No final do trajecto, em declarações à imprensa, Salvador Mascarenhas, um dos rostos do movimento Sokols, que promoveu a iniciativa, disse que os voos foram cortados “por uma decisão incorrecta, tomada de forma superficial e pouco estudada”.
“Exigimos a reposição dos voos da Cabo Verde Airlines para esta ilha do Norte porque deles dependem a economia de toda a região, por demais maltratada e negligenciada pelos sucessivos governos. Queremos lembrar ao senhor Primeiro-Ministro que o sistema político só funciona bem quando as instituições que produzem leis são sensíveis à influência da sociedade civil e quando existem os canais certos que vêm de baixo, sociedade e opinião pública, que permitem exercer esta influência sobre as instituições de cima, que produzem leis”, afirma.
Na mesma linha, Carlos Araújo, activista e membro do movimento Sokols, lamenta aquilo que classifica de falta de sensibilidade do governo para um problema que “embarga” o desenvolvimento da ilha de São Vicente e aponta o dedo ao que chama de “manobra de intriga para colocar as ilhas umas contras as outras”.
“Somos solidários com todas as ilhas e não admitimos que ninguém venha tentar colocar-nos de costas ilha-a-ilha, a isso chamamos uma manobra de intriga, de quem já não tem mais argumentos. O que nos trouxe aqui é um problema que tem solução política, portanto, que nenhum ministro nos venha enganar que este problema não é um problema também político”, sublinha.
O grupo Sokols 2017 recorda que a TACV é uma empresa do Estado e que, como tal, o serviço público deve ser garantido. Para tal, foi interposta uma providência cautelar, a aguardar resposta.
Durante a manifestação foi assinado um manifesto a exigir a retoma dos voos internacionais da companhia nacional de bandeira para o AICE, documento que deverá ser entregue ao ministro dos transportes, José Gonçalves, na segunda-feira.
Nuno Wahnon, presente no protesto, em representação dos operadores turísticos de Santo Antão, alerta que o governo precisa clarificar a sua política em relação aos transportes aéreos.
“É um assunto que directa ou indirectamente diz respeito à todos. Estamos confusos em relação à intenção do governo. Falam em construir o aeroporto em Santo Antão e ainda este em São Vicente não está completo, assim como os voos internacionais através da companhia nacional foram cortados. Como é possível estarmos com estas ideias e na prática fazermos o oposto?", questiona.
A necessidade de reposição das ligações directas da Cabo Verde Airlines entre São Vicente e o estrangeiro tem marcado a ordem do dia. Na semana passada, esteve no topo da agenda mediática e política, tendo Ulisses Correia e Silva afirmado que a retoma dos voos internacionais da TACV, a partir de São Vicente, não é uma decisão administrativa ou política do Governo.
Esta sexta-feira, num comunicado à imprensa (sem direito a perguntas) e em resposta aos protestos, o ministro de Estado e da Presidência do Conselho de Ministros, Elíso Freire, disse que “não é através da pressão política que as melhores decisões se tomam, nomeadamente num sector sensível como os transportes aéreos”.
A companhia aérea também reagiu na sexta-feira. Manteve a porta aberta a uma eventual reposição da rota de e para Lisboa, a partir de São Vicente, mas não assumiu qualquer compromisso ou prazo para tomar uma decisão.