Em causa, a falta de ligações aéreas internacionais, através da Cabo Verde Airlines, para o aeroporto internacional Cesária Évora, no Mindelo, bem como a reacção do primeiro-ministro, que isentou o governo de qualquer responsabilidade nesta matéria.
Rui Semedo recorda que a posição de Ulisses Correia e Silva, no período de campanha, era outra.
“Ou não existe uma política de transporte para um país arquipélago como Cabo Verde, onde deveria haver ideias claras sobre a coesão territorial, a conectividade das ilhas, a circulação normal e fluente das pessoas e de bens, sobre o desenvolvimento do sector dos transportes enquanto factor potenciador de desenvolvimento económico e social, das ilhas individualmente e dos país no seu todo, ou então existem políticas erradas, como a política por detrás desta decisão precipitada, imponderada e desajustada à nossa realidade de insularidade”, afirma.
Rui Semedo lembra que é responsabilidade do governo instituir e manter a prestação dos serviços públicos, indispensáveis para o desenvolvimento da sociedade e bem-estar da população.
“O critério fundamental para tomar essa decisão deveria e deve ser o da existência de uma ilha com pessoas, com actividade económica e com direito à integração na dinâmica do desenvolvimento nacional e internacional. O critério mais importante da ligação deveria ser o da existência de pessoas, a quem devem ser garantidas possibilidades iguais e liberdade de circulação em condições favoráveis, tanto de comodidade como de custo. Estamos a falar do direito da regularidade de circulação de pessoas de todas as ilhas pela transportadora nacional", indica.
Em defesa do governo, o líder da bancada do MpD refuta as acusações do PAICV, e sublinha que em dois anos de mandato não é possível resolver os problemas deixados pelo anterior governo. Ainda assim, Rui Figueiredo Soares afirma que os deputados eleitos pelo MpD também querem que a Cabo Verde Airlines retome os voos para a ilha do Monte Cara.
“Queremos que a nossa companhia nacional, agora em fase de privatização, equacione devidamente a questão dos transportes, e temos a certeza que irá ter em devida conta as ligações aéreas que devem ser feitas também de São Vicente, mas não nos esqueçamos, agora atiram-se ao primeiro-ministro dizendo que ele não é gestor dos TACV, isso é do conhecimento de toda a gente. Parece que os anteriores governantes é que queriam ser gestores dos TACV e por isso levaram a empresa à falência”, diz.
Por seu lado, António Monteiro deputado e presidente da UCID, afirma que não cola a desculpa de relacionar a viabilização económica da empresa com os voos de e para São Vicente.
“Em 2015, os TACV tiveram 3,4 milhões de contos negativos. 4 milhões negativos em 2016 e 3,67 milhões em 2017. Daí que o argumento que se está aqui a apresentar, da viabilização económica dos TACV não cola, porque os dados falam por si. Vamos mudar o discurso (...) De forma que o que interessa ao país, e aos são-vicentinos em particular, é a retoma dos voos internacionais. Tudo o resto é conversa fiada e nada mais do que isso”, sublinha.
O fim da operação da TACV para São Vicente aconteceu em Setembro de 2017, por decisão da nova gestão da empresa, com consequências para os empresários e indústria local, sobretudo no escoamento dos produtos e aquisição de matérias-primas.