O vice-presidente do movimento, Carlos Araújo, explica, em entrevista hoje à Rádio Morabeza, que a falta de voos representa um corte nas actividades económicas da ilha.
“Essa manifestação tem um objectivo muito claro: os mindelenses exigem a reposição dos voos de São Vicente para Lisboa e para outros países, se necessário for. Estamos cansados de ter de pagar mais para ir a Santiago ou outra ilha tomar avião. Queremos a reposição desses voos que deixam muita falta a São Vicente, ao turismo e às pessoas que querem deslocar-se de São Vicente para o exterior. Realmente, isto é um corte na economia desta ilha, sem sombra de dúvida”, explica.
O fim da operação da TACV para São Vicente aconteceu em Setembro de 2017, por decisão da nova gestão da empresa. Os empresários são uma das classes afectadas com a medida, e têm alertado para os problemas e prejuízos causados, sobretudo no escoamento dos produtos, bem como na aquisição de matérias-primas.
Carlos Araújo atribui os problemas nos transportes àquilo que classifica de má organização do Estado.
“A falta de voos não deixa que a ilha atinja o potencial que poderia atingir. Muitas pessoas falam em discriminação. O que digo é que há uma má organização. O Estado cabo-verdiano está mal organizado, estão a encaminhar para um sistema ainda pior que é essa regionalização que vai desorganizar ainda mais esse sistema”, entende.
Com a retirada da Cabo Verde Airlines, a transportadora aérea portuguesa, TAP, é a única companhia que faz voos internacionais regulares de São Vicente para a Europa. Os preços praticados pela empresa têm sido alvo de críticas.
A Sokols acredita que a manifestação vai ter impacto na decisão de retomar as ligações internacionais para Mindelo, mas promete não desmobilizar até que tal aconteça.
“O Governo vai ter que fazer a coisa certa, e nós vamos lutar para que isso aconteça. Provavelmente é uma batata quente que o Governo vai ter nas suas mãos para descascar, e vai ter que saber como faze-lo porque nós vamos estar firmes e vamos exigir sempre até que consigamos isto”, garante.
Além de prejudicar a economia de São Vicente e Santo Antão, Carlos Araújo lembra que também a diáspora está a sofrer com a falta de ligações internacionais.
A data da manifestação no Aeroporto cesária Évora foi fixada ontem, após um encontro do movimento, no Centro Cultural do Mindelo.