Patrícia Rocha esteve recentemente em Inglaterra para representar Cabo Verde na Reunião de Operadores Nacionais de todos os países membro da Fundação para a Educação Ambiental, do inglês FEE, para a implementação do projeto Bandeira Azul.
Presentes nessa reunião, estiverem representantes de países com larga experiência em sustentabilidade ambiental e qualidade das águas balneares e, que já alcançaram a atribuição de Bandeiras Azuis nas suas praias. São os casos de Portugal, Espanha, Finlândia, Brasil, Porto Rico e Holanda.
“O encontro que teve lugar em Blackpool, na Inglaterra, teve como objectivo dar a conhecer o trabalho que cada organização membro desenvolveu, os países que conseguiram hastear a bandeira durante a época balnear, os seus constrangimentos, as lições aprendidas e os exemplos de boas-práticas que funcionaram noutros países e que podem servir de exemplo”.
Cabo Verde e Chile são os novos países que se encontram na fase piloto de implementação do programa.
Para que a praia de Santa Maria seja merecedora de hastear uma bandeira azul é necessário que sejam cumpridos um total de 33 critérios, divididos em 6 categorias, como nos explica a bióloga Patrícia Rocha.
O processo é moroso, mas as vantagens são inúmeras já que, em todo o continente africano, apenas a África do Sul conseguiu, até agora, hastear uma Bandeira Azul.
O cumprimento do programa, no tempo limite de três anos, imposto pela organização, garantirá a Cabo Verde o reconhecimento como primeiro país em todo a África Ocidental, Central e do Norte a ostentar este símbolo de qualidade reconhecido internacionalmente.
“Os turistas estão cada vez mais preocupados com a questão ambiental e, ter uma bandeira azul significa que a praia é ambientalmente sustentável, que a água balnear é testada periodicamente e os resultados expostos aos banhistas, que o seu acesso é público e sem censura para todos os utentes e, que as autoridades garantem a protecção de cordões dunares”, afirma.
Esta meta que terá de ser cumprida em um período máximo de três anos exige o envolvimento de todos, das autoridades governamentais, locais e da população, em especial da ilha do Sal e da cidade de Santa Maria, enquanto fiscal que deverá zelar pelo respeito e cumprimento de todos os critérios.
A Biosfera 1 – Associação para a Defesa do Meio Ambiente é, desde Dezembro de 2017, membro oficial e operador nacional dos programas da FEE em Cabo Verde. Neste sentido, a ONG tem trabalhado para garantir que o programa Bandeira Azul seja concluído num prazo máximo de 3 anos, como é requerido pela FEE.
A Biosfera 1 conta com o importante apoio e suporte do Governo de Cabo Verde, através da Direção Nacional do Ambiente e do Fundo do Turismo, como financiadores e, também da Câmara Municipal da ilha do Sal, como promotora. “Com o esforço e envolvimento de todos, esperamos hastear em 2022 a primeira Bandeira Azul na praia de Santa Maria”, afirma a bióloga.
Para avaliar o andamento do projeto de atribuição da primeira bandeira azul em Cabo Verde encontram-se no nosso país dois consultores internacionais que deverão reunir com todos os membros da equipa nacional, até finais deste mês de Outubro.
A equipa nacional espelha-se no exemplo da Colômbia que, apesar de ter iniciado o processo juntamente com o Chile, com o forte envolvimento do seu Governo, que colocou a Bandeira Azul, BA, como uma meta prioritária, este Verão poderá hastear não uma, mas cinco bandeiras azuis nas suas praias balneares.
A Biosfera 1 tem trabalhado de muito perto com o Governo e com a autarquia salense para que o cumprimento dos critérios de atribuição da BA à praia de Santa Maria, seja também uma prioridade em 2020.
A avaliação de Cabo Verde tem sido bastante positiva junto do júri internacional, garante Patrícia Rocha. “Acabamos de conseguir ser avaliados positivamente para o estudo de análise de falhas, o que significa que estamos oficialmente no projecto piloto Bandeira Azul da FEE. Neste momento estamos à procura de financiamento para 2020 para que possamos continuar o processo”.
O próximo passo é conseguir a aprovação do plano de negócios do projecto piloto, que neste momento está em fase de preparação.
A bióloga espera que, até 2022, todos os 33 critérios estejam cumpridos pois, “será um ganho não apenas para a ONG, enquanto defensora da redução do lixo e da poluição nos nossos mares, que têm devastado a população marinha, mas também para o município do Sal e, para a elevação do turismo e da economia nacionais”.
Bandeira Azul
A Bandeira Azul (BA) é uma distinção atribuída anualmente pela Fundação para a Educação Ambiental (do inglês FEE) a praias (marítimas e fluviais) e marinas que cumpram um conjunto de requisitos de qualidade ambiental, segurança, bem-estar, infra-estruturas de apoio, informação aos utentes e sensibilização ambiental. As praias e marinas distinguidas ficam autorizadas a ostentar a bandeira oferecida pela FEE durante a época balnear.
Este programa, anteriormente designado por Campanha Bandeira Azul, teve início em França, em 1985, e é desenvolvido na Europa desde 1987. Em 2001, tornou-se global e foi alargado aos restantes continentes e em 2017 foram hasteadas Bandeiras Azuis em 45 países. A longa existência do Programa demonstra que é considerado e reconhecido por operadores turísticos, decisores e público em geral a nível internacional e pode, portanto, ser considerada um símbolo de garantia de qualidade de uma praia ou marina.
Cabo Verde, enquanto destino turístico em franco crescimento tem apostado no reconhecimento a nível nacional e internacional das suas praias incorporando os critérios de sustentabilidade e garantindo um selo de qualidade aos serviços e produtos oferecidos aos visitantes.
Deste modo, e com o apoio de parceiros internacionais, tem envidado esforços para implementar todos os critérios para a obtenção do certificado Bandeira Azul às praias nacionais.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 934 de 23 de Outubro de 2019.