Em causa, a promessa do Governo em publicar, dentro de duas semanas, o Preço Indicativo de Referência (PIR), que atribui um preço único por posto no sentido de evitar concorrência desleal no sector da segurança privada. A decisão da classe profissional foi dada a conhecer esta sexta-feira, em conferência de imprensa, por Heidy Ganeto, delegado sindical.
“A greve foi cancelada mas temos um novo pré-aviso de greve, a nível nacional, para 15 de Janeiro. O Governo, através do senhor ministro das Finanças, prometeu mais uma vez que dentro de duas semanas o PIR vai ser publicado. Esperamos que seja dessa vez. Já estamos cansados, já esperamos demais”, diz.
Os vigilantes referem que a não efectivação do PIR é uma das questões que tem levado as empresas a não implementarem o Acordo Colectivo de Trabalho (ACT). O documento, publicado em Janeiro de 2018, propõe a implementação de uma nova grelha salarial - sendo o salário mais baixo fixado em 17 mil escudos -, o descongelamento das progressões e reenquadramento nas carreiras profissionais.
“Quando o ACT foi publicado em 2018 as empresas sempre disseram que o Governo tinha que regular o mercado. Temos consciência disso porque o mercado de segurança privada está totalmente desorganizado, há uma concorrência desleal. Por exemplo, uma empresa chega num posto onde trabalham quatro vigilantes e faz uma proposta de 150 contos, outro chega e propõe 100 contos. Claro que o cliente vai ficar com o mais barato”, realça.
Heidy Ganeto aproveitou a conferência de imprensa para denunciar outros problemas enfrentados no desempenho da profissão, nomeadamente ameaças e insegurança no local de trabalho.
“As empresas devem ter consciência que os vigilantes não estão com poder de compra. Só exigem. E depois trabalhamos só com ameaças por parte das empresas e dos clientes. Higiene e segurança no local de trabalho não existem nessa área, não temos materiais para autodefesa e muitos vigilantes já foram agredidos”, denuncia.
O responsável sindical considera que os profissionais em São Vicente são os mais lesados do país a nível salarial. Com a suspensão da manifestação e da greve, os cerca de 700 vigilantes dão o benefício da dúvida ao executivo, que prometeu ontem publicar o PIR, que deveria ter saído a 26 de Novembro, dentro de duas semanas.