De entre as obras públicas em curso na cidade turística,o edil Júlio Lopes destaca o calçadão de Santa Maria que está a ser completamente requalificado com calçada artística, uma obra que deverá estar concluída dentro de sensivelmente três meses.
Já em fase final de execução está a requalificação do bairro António Sousa, uma zona habitacional, que beneficiou de obras de pavimentação, construção de passeios, ciclovias, financiadas pelo Governo.
“Até que a última rua em terra batida no Norte da cidade seja pavimentada o nosso trabalho não termina”, assegura o autarca salense.
Em breve iniciam também as obras na Rua Amílcar Cabral, atrás da Rua Pedonal Ildo Lobo, que terá todos os passeios alargados e com o piso alterado para calçada artística.
O objectivo, garante o edil, é que Santa Maria seja transformada numa cidade mais saudável e agradável, onde o meio de transporte de eleição seja a bicicleta e onde as pessoas possam caminhar a pé em segurança”.
Para que tal aconteça, a câmara municipal conta com a parceria do governo central que, “em muito breve anunciará o início dos serviços de videovigilância, garantindo maior segurança aos transeuntes, locais e turistas”, afirma.
Para que a cidade seja mais saudável é importante a aposta em infraestruturas desportivas, daí que a autarquia recebeu recentemente a visita de técnicos internacionais da FIFA, de forma a certificar o Estádio Djidjuca para competições oficiais.
É que já no próximo mês de Fevereiro, segundo Júlio Lopes, serão inauguradas as obras realizadas de requalificação da infraestrutura, tendo beneficiado de alargamento do campo de futebol, com novas medições, colocação de relva sintética, construção de tribunas, sala de imprensa, pista de atletismo, balneários e bancadas.
O Pontão de Santa Maria, um dos mais requisitados pontos turísticos da cidade, embora ainda aguardando as obras de requalificação desde a passagem do furacão Fred, já conta com limpeza regular e casas de banho públicas, ligadas à rede de esgotos.
Ainda no âmbito da requalificação da cidade turística de Santa Maria, a autarquia conta com a parceria do Governo para a restauração do antigo edifício da delegação municipal e jardim Terceiro Congresso.
“O concurso público para esta obra já foi lançado e divulgado e a obra envolverá a restauração da parte mais antiga do edifício, para passar a acolher a delegação da câmara municipal, mas também a construção de espaços públicos, centro de juventude, centro de acolhimento para pessoas com necessidades especiais, entre outros serviços”, esclarece o Presidente da Câmara Municipal do Sal, acrescentando tratar-se de uma infraestrutura de três pisos avaliada em 50 mil contos.
Na oficina da câmara municipal do Sal estão equipamentos para a montagem de doze parques infantis, dez fitness parques e dezoito parques para street basket e que serão em breve montados nas diferentes localidades da ilha.
“Que todos os bairros das nossas cidades tenham espaços para as crianças e para a práctica de actividades de promoção da saúde e do desporto”.
Para atrair o investimento privado nacional, Júlio Lopes garante que o governo local reserva lotes de terrenos de 600 metros quadrados que podem ser adquiridos preferencialmente pela classe empresarial endógena de modo a criar pequenas unidades turísticas e hoteleiras como boutique, hotéis, hostels ou restaurantes.
Jovens empresários cabo-verdianos investem em Santa Maria
Os bons ventos de transformação têm atraído novos investidores cabo-verdianos que, apesar das dificuldades e dos desafios enfrentados, também contribuem para o enriquecimento da oferta turística na cosmopolita cidade, com a disponibilização de novos espaços de restauração.
O nosso jornal conversou com Carlos Eduardo Sousa Lobo e Américo Soares (filho), ambos jovens empresários cabo-verdianos que, há um ano, decidiram investir na inauguração de novos restaurantes na cidade de Santa Maria.
A excessiva burocracia no acesso ao crédito bancário e na aquisição da documentação legal necessária para o funcionamento do negócio quase levou à desistência do jovem empresário Carlos Eduardo que, temporariamente, foi obrigado a fechar as portas do ‘O Piscador’, restaurante que faz parte da história da sua família, mas, também da história da cidade, sendo o segundo mais antigo restaurante de Santa Maria.
O que mais desmotivou o empresário foi o excessivo atraso na obtenção do estatuto de utilidade turística. “Sem esse documento que permite importar equipamentos com isenção de taxas aduaneiras, os custos iniciais foram muito mais elevados do que eu previa”.
Tardou ainda a autorização camarária para alterar o piso no espaço da esplanada do restaurante, de forma a ter mais mesas disponíveis e atrair a clientela.
Para agravar, foi decretada a proibição de música ao vivo na ilha depois da meia-noite. Um contrassenso na sua opinião, tendo em conta que a música de aparelhagem continua a ser legal. “Todas estas dificuldades colocaram-me a corda ao pescoço”. Carlos Lobo reabriu o espaço de restauração e, neste momento, emprega 15 chefes de família.
“Eu não me arrependo porque é um espaço que faz a diferença na cidade. Já se passou um ano desde que abrimos e sei que pelo menos mais um ano se passará até conseguirmos ver algum retorno do nosso investimento”, afirma.
Comemora igualmente um ano no próximo mês de Fevereiro a hamburgueria gourmet, Mekys Burguer, propriedade do jovem empresário, Américo Soares, ou Meky, como é conhecido na cidade, que vislumbrou uma oportunidade de negócio no facto de não existir nenhum outro espaço de fast food gourmet na cidade, que alia um design moderno com a oferta de um produto de qualidade, com receitas próprias e caseiras.
Soares sabe que ainda terá de aguardar algum tempo até começar a ver o retorno do investimento realizado.
Ao contrário da grande maioria dos espaços de restauração na cidade turística, Meky apostou nos nacionais. “Desde o início decidimos apostar as nossas fichas nos locais e residentes. Sabemos que o nosso turismo ainda é sazonal e esta foi a nossa estratégia para tentar vencer a época baixa. O turismo é apenas a cereja no topo do bolo”, afirma o jovem empresário com larga experiência em restauração.
“Eu posso dizer que nasci dentro de um restaurante e muito do que sei aprendi com os meus pais”, assegura Meky que desde 2012 também é dono de um minimercado.
A batalha para colocar de pé o sonho foi igualmente difícil para este jovem empresário, que enfrentou as agruras do que define como “um sistema bancário demasiado fechado e inacessível a um jovem empresariado”.
“Qualquer nação que pretende promover o desenvolvimento precisa de um sistema bancário que apoie o empreendedor. Muitas vezes os valores dos empréstimos solicitados nem são elevados e o processo é demasiado moroso e isso é desmotivador”.
Graças ao pai que serviu de avalista, Meky Soares conseguiu que o empréstimo fosse aprovado, mas, adivinha, “muitos jovens com excelentes ideias de negócio ficam pelo caminho pois não conseguem cumprir as exigências dos bancos para provar a credibilidade e seriedade dos investimentos”.
Antes de concluir a nossa conversa, o jovem empresário deixa um alerta às autoridades de inspeção e certificação da segurança alimentar. “Não é justo que tenhamos encargos fixos elevados porque queremos cumprir a lei e garantir todas as certificações exigidas pelas autoridades e sabemos que outros espaços funcionam na ilegalidade”.
Esse facto promove a concorrência desleal e, além disso, não traz garantias aos operadores turísticos. “Reclamamos que os turistas não saem dos resorts, mas, antes de exigir, temos de criar padrões de qualidade nos nossos restaurantes no que toca à segurança alimentar”.
Cidade de Espargos também terá Rua Pedonal
A famosa Rua de Tói Pedro, na cidade de Espargos vai ser transformada em rua pedonal. A garantia é do edil, Júlio Lopes que, em exclusivo ao Expresso das Ilhas falava das infraestruturas e obras públicas previstas para a cidade do aeroporto. “A visita à obra já foi realizada pelas empresas interessadas e as obras deverão iniciar em breve, seguidos todos os trâmites da contratação pública, para transformar toda a rua, que vai da loja do Toi Pedro até à praça de Espargos, em uma pedonal”. A circulação automóvel será realizada em ruas alternativas, assegura Lopes. Chã de Matias e Hortelã de Cima beneficiaram de obras de requalificação, em Morro Curral será inaugurada em breve a Casa dos Avós e, além disso, já foi lançado o concurso público para a asfaltagem de 12 km de estradas, passando por diversas localidades da cidade de Espargos. “São obras que vão mudar por completo a imagem das nossas cidades, transformando toda a área consolidada da ilha”, promete o edil salense.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 947 de 22 de Janeiro de 2020.