Trata-se de amostras colhidas aos trabalhadores que estiveram em quarentena no Hotel Karamboa.
De acordo com o comunicado, todas as pessoas que testaram positivo estão já em isolamento e acompanhadas pela equipa médica, que será reforçada. Nenhum dos doentes inspira cuidados especiais, garante o Ministério da Saúde.
Neste momento, estão a ser identificados os contactos desses doentes agora registados para vigilância e despistagem da doença.
Recorde-se que os trabalhadores saíram da quarentena de 23 dias, no Hotel Karamboa, no domingo, após várias reivindicações e depois de feita a colheita das amostras.
Pouco antes do envio deste comunicado, o Expresso das Ilhas contactou o edil da Boa Vista, José Luís Santos, que não confirmou o número de casos positivos, alegando que essa informação ainda não lhe fora facultada pelas autoridades de saúde. No entanto, confirmou que desde ontem alguns trabalhadores do Hotel "têm sido retirados do Bairro da Boa Esperança" para serem colocados num outro hotel, "o New Horizon", que está a ser usado como hotel para casos que precisam de estar isolados. "Isso confirmo", referiu o presidente da Câmara Municipal da Boa Vista.
Com este súbito aumento de casos Cabo Verde passaria a contar com 55 casos positivos. Boa Vista é a ilha onde mais casos foram registados. A 44 divulgados hoje, junta-se 1 outro trabalhador já detectado ontem, e a estes 45, somam-se outros seis já confirmados pelas autoridades de saúde, na ilha da Boa Vista, três casos confirmados na Praia e um em São Vicente. Até ao momento registou-se uma morte relacionada com a COVID-19, um turista inglês de 62 anos, hóspede do Hotel Karamboa e que foi o primeiro doente diagnosticado em Cabo Verde.
Esta semana o Director Nacional de Saúde aproveitou, uma vez mais, para apelar e chamar a atenção das pessoas "que saíram da quarentena, na Boa Vista, porque temos informações de que estaria a acontecer uma desobediência do confinamento domiciliar, para que tenham responsabilidade, porque está nas vossas mãos a saúde dos cabo-verdianos".
Um apelo que foi repetido ontem em que Artur Correia alertou "para a importância da vigilância" e para a sociedade cabo-verdiana estar consciente de que está "a travar uma luta contra um inimigo invisível, porque 80% dos casos são situações que não precisam de nenhum cuidado médico, são casos ou sem sintomas ou com sintomas ligeiros que nem mesmo as pessoas portadoras dão conta".
"Temos pessoas infectadas que nem elas sabem que estão infectadas", reforçou o Director Nacional de Saúde acrescentando que a COVID-19 é uma doença que "é muito difícil de gerir, porque somente 20% dos casos é que apresentam sintomas visíveis e que necessitam de cuidados médicos e que vão aos serviços de saúde ou são lá levados para receberem cuidados".
Ontem à noite, a Inforpress adiantava que alguns trabalhadores que estavam em isolamento profilático nessa unidade hoteleira não estão a cumprir à risca a medida de quarentena domiciliária conforme o compromisso assumido à saída do hotel, no último domingo.
Entre as orientações médicas constam, nomeadamente a de se isolarem dos restantes membros da família e não saírem de casa até se saber o resultado das análises de sangue recolhidas para testes da COVID-19, para não colocar em risco a saúde de outras pessoas.
Aliás, durante a saída do hotel Riu Karamboa, além de se notar pessoas sem a protecção recomendada, neste caso máscaras, alguns trabalhadores afirmavam que teriam que sair às ruas para fazerem as suas compras, entre outros afazeres, cita a agência de notícias.
Na segunda-feira, alguns desses trabalhadores concentraram-se junto ao local onde a Protecção Civil se encontra instalada, pedindo para sair da Boa Vista para as suas ilhas de origem.
O ministro da Saúde e Segurança Social, Arlindo do Rosário, e os restantes membros do Governo vêm apelando a população para o cumprimento das medidas em vigência no estado de emergência.
Para explicar o facto de os trabalhadores terem sido “libertados” para fazer confinamento em casa, o governante realçou que com a quarentena domiciliária pode-se controlar o risco de contaminação e disse acreditar que “as pessoas vão respeitar, pois, ninguém irá pôr a sua família em risco”.