Impacto no emprego e rendimento dos cabo-verdianos em Portugal é enorme - embaixador

PorExpresso das Ilhas, Lusa,26 abr 2020 9:39

O embaixador de Cabo Verde em Portugal considerou hoje que o impacto da COVID-19 na comunidade cabo-verdiana penalizará sobretudo os imigrantes que trabalham nos sectores do turismo, restauração, construção civil, transportes e prestação de serviços em residências.

Em entrevista à agência Lusa, Eurico Monteiro sublinhou a integração da comunidade cabo-verdiana em Portugal e considerou que, por isso, o impacto que sofrerão da actual pandemia não deve ser muito diferente dos outros cidadãos portugueses.

Os cabo-verdianos são a segunda principal nacionalidade estrangeira residente em Portugal, totalizando 34.663 cidadãos em 2018, o que representa 7,2% da população estrangeira neste país.

O diplomata sublinha, contudo, que “os estudos apontam que existem nas comunidades imigrantes maiores fragilidades, designadamente maior risco de desemprego e menor correspondência entre a formação e o cargo desempenhado".

Por outro lado, "a taxa de empreendedorismo nas comunidades imigradas é maior do que na população autóctone”, comentou.

A embaixada está a acompanhar a situação da comunidade, até porque “o impacto no emprego e no rendimento das famílias é enorme, não obstante os programas anunciados”.

“O turismo, a restauração, a construção civil, os transportes e a prestação de serviços nas residências são sectores altamente penalizados”, adiantou.

Apesar de reconhecer que não tem “grande capacidade de resposta”, a embaixada está a promover uma intervenção nas situações mais extremas “para evitar maiores danos”.

“Sem dúvida que o desemprego vai aumentar aqui em Portugal e em todo o lado e que esse desemprego afecta e muito a comunidade cabo-verdiana, como acfetará também a população portuguesa e as comunidades imigrantes de uma forma geral”, prosseguiu.

Consciente de que a crise que se avizinha “venha a afectar um pouco mais os imigrantes, pela sua condição social”, o embaixador referiu que estão a ser tomadas “medidas com recurso a vários programas para mitigar a situação”.

“Para mitigar, pois que não se consegue resolver o problema, infelizmente. Temos de ter uma consciência muito clara disso, que é um tempo de algum sofrimento porque a economia está doente, abalada, com reflexo forte no emprego e no rendimento das famílias”, lamentou.

A pandemia de COVID-19 obrigou à alteração de alguns procedimentos na embaixada, que montou “um sistema de atendimento à distância” para a prestação de informações úteis e de serviços sem necessidade de deslocação aos edifícios, mediante a emissão online de alguns documentos, como as certidões de registo civil e em parte também criminal.

Em relação aos doentes cabo-verdianos que se encontram a realizar tratamentos em Portugal, o diplomata disse que está a ser feito um esforço para “acompanhar” a sua situação.

“A grande maioria vive em famílias em Portugal, na residência de filhos, irmãos, tios, sobrinhos e outros parentes mais próximos. Uma outra parte, que vive nos apartamentos arrendados pelas associações, com o apoio da embaixada, é mais fácil de acompanhar”, disse.

Algumas das medidas que a embaixada promoveu ainda antes da pandemia têm ajudado no acompanhamento destes casos clínicos, como “a bancarização dos pagamentos”.

Actualmente, “só aqueles que não sabem ler e escrever recebem pessoalmente as subvenções mensais”.

Nestes casos, foram feitos “pequenos agrupamentos de sorte a evitar concentrar pessoas no mesmo dia e na mesma hora, mesmo assim impondo distanciamentos”.

“Para os cabo-verdianos que têm reais dificuldades de deslocação, temos piquetes de deslocação às residências para fazer o pagamento”, adiantou.

E referiu: “Os doentes cabo-verdianos estão cá em Portugal ao abrigo de um antigo acordo de cooperação que tem estado a funcionar muito bem, assumindo Portugal uma parte das despesas e Cabo Verde uma outra parte”.

“São pessoas que, de uma forma geral, estão sujeitas a riscos maiores, especialmente aqueles que têm de fazer visitas mais frequentes aos estabelecimentos de saúde. Portanto, o isolamento a que se sujeitam é muito relativo. Com isso criam riscos também para os seus agregados familiares ou residentes dos apartamentos”, comentou.

Para Eurico Monteiro, os riscos para a saúde desta comunidade “são idênticos aos outros doentes portugueses”.

“Nada mais podemos fazer que não seja acompanhar e reiterar a todo o instante a necessidade de cumprirem escrupulosamente as recomendações das autoridades sanitárias”, concluiu.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,26 abr 2020 9:39

Editado porSara Almeida  em  3 fev 2021 23:21

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