António Sousa pede mais pessoal, não só para compensar a saída de cerca de 30 funcionários por motivo de reforma, mas também para fortalecer e instalar novos serviços essenciais e infra-estruturas físicas, de equipamentos e meios operacionais adequados para enfrentar e reprimir a criminalidade “que se torna cada vez mais complexa”.
“A Polícia Judiciária, face a esses condicionalismos para poder cumprir devidamente com as suas atribuições, tem que dispor de meios materiais e tecnológicos, e recurso humanos que sustentem e materializam as actividades de ordem administrativa, operativas, técnicas e investigativas em quantidade e qualidade suficiente”, realça.
“Não obstante o esforço que vem sendo expendido pelo Governo, a Polícia Judiciária continua a carecer de reforço urgente de meios humanos”, alerta.
O responsável policial lembra que a criminalidade é oportunista e aproveita das situações de crise social, económica e financeira, como a pandemia do novo coronavírus, para se incrementar. António Sousa diz que as actividades de prevenção e combate ao crime não podem ser colocadas em segundo plano, ainda que a tarefa de recuperação económica e financeira implique a redução dos recursos que são disponibilizados pelo Estado às instituições públicas para o exercício das suas actividades.
“Por isso, sendo a segurança considerado um bem essencial, indispensável para a manutenção da paz e da tranquilidade públicas e realização da justiça, não obstante as limitações de ordem orçamental impostas pela crise, as forças de defesa e serviços de segurança devem ser colocadas na linha da frente das instituições cujos investimentos necessários para desenvolverem as suas actividades precisam ser assegurados e/ou mesmo reforçado de modo a impedir que o país venha a ser confrontado com duas crises em simultâneo: a crise social, económica e financeira e a crise da insegurança”, defende.
O Director Nacional da Polícia Judiciária não tem dúvidas de que valeu a pena ter outorgado a PJ enquanto órgão de polícia criminal e científica.
“As diversas operações de combate ao tráfico de drogas, de lavagem de capitais e de crime organizado levadas a cabo pela Polícia Judiciária ao longo da sua existência demostram o quão importante tem sido o papel desta instituição na luta contra o crime em Cabo Verde e quiçá no mundo”, aponta.
O dirigente policial destaca alguns ganhos conseguidos nos últimos quatro anos, nomeadamente o reforço do pessoal de investigação criminal, de apoio técnico em investigação criminal e de segurança, aquisição de meios de mobilidade, reforço da capacidade do laboratório da polícia científica que passou a realizar testes de paternidade, instalação do centro de formação e do departamento de investigação criminal da Boa Vista e da Unidade de Investigação de Assomada e aprovação do Plano Estratégico de Desenvolvimento da Polícia Judiciária 2020/2030. Também foi aprovado o diploma que cria os serviços sociais dos funcionários da PJ.
A celebração do aniversário da criação da Polícia Judiciária acontece este ano fora de um ambiente formal e sem a presença de entidades nacionais e internacionais devido à pandemia da COVID-19.