Arma biológica
A origem do coronavírus tem sido discutida e, até hoje, não existem certezas sobre o seu surgimento. Onde e quando terá acontecido a transferência para humanos?
A hipótese mais provável é que o vírus se tenha desenvolvido em animais selvagens, até ter contactado pela primeira vez, já no seu estado actual, com o Homem. A clarificação deste ponto é fundamental, porque perceber qual a origem do novo coronavírus será muito importante no momento de tomar medidas relativamente ao futuro, por forma a evitar novas transmissões.
Em Wuhan, na China, o primeiro local a registar casos de infecção, existe um laboratório de alta segurança. Este laboratório, é um dos poucos com sistema de segurança adaptado para lidar com os mais perigosos agentes patogénicos existentes na humanidade. O Instituto de Virologia de Wuhan abriga o Centro de Cultivo de Vírus, classificado como o maior banco de vírus da Ásia.
Laboratório chinês nega ser responsável pela covid-19: ?teoria da conspiração?
O vice-diretor do Instituto de Virologia de Wuhan, cidade chinesa onde a pandemia do novo coronavírus começou, negou acusações de que tenha responsabilidade sobre a origem da covid-19. Para Yuan Zhiming, essa é uma "teoria da conspiração". "Como pessoas que realizam estudos virais, sabemos claramente que tipo de pesquisa está sendo realizada no instituto e como o instituto gerencia vírus e amostras.
Rumores, inicialmente secundados até pela imprensa e por pessoas com responsabilidades políticas, principalmente nos Estados Unidos, como o Senador Tom Cotton, sugeriram que o vírus tivesse sido ali fabricado, como arma biológica, tendo chegado ao exterior deliberada ou inadvertidamente.
Contudo, um estudo publicado na revista científica Nature (um de vários) indica a existência de pistas no genoma e estrutura molecular do SARS-CoV-2 que atestam a sua origem natural. O vírus terá proteínas específicas, com uma estrutura parecida a um gancho que se fixa à célula humana, atacando-a com moléculas, permitindo a entrada do material genético.
The proximal origin of SARS-CoV-2
Our comparison of alpha- and betacoronaviruses identifies two notable genomic features of SARS-CoV-2: (i) on the basis of structural studies7,8,9 and biochemical experiments1,9,10 , SARS-CoV-2 appears to be optimized for binding to the human receptor ACE2; and (ii) the spike protein of SARS-CoV-2 has a functional polybasic (furin) cleavage site at the S1-S2 boundary through the insertion of 12 nucleotides8 , which additionally led to the predicted acquisition of three O-linked glycans around the site.
Até agora, portanto, a principal evidência científica aponta para uma origem natural, sem que existam provas consolidadas que o novo coronavírus poderá ter sido produzido laboratorialmente.
Como a ciência sabe que o coronavírus não foi criado em laboratório
Mesmo após meses de pandemia, a origem do novo coronavírus (SARS-CoV-2) ainda é motivo para polêmicas. A ideia mais aceita é que o vírus tenha surgido em animais silvestres e se disseminado a partir de mercados da cidade de Wuhan, na China.
Rede 5G e coronavírus
Informações que circulam online sugerem que a quinta geração de comunicações móveis, chamada de 5G, é responsável por uma maior propagação do SARS-CoV-2. A teoria é sustentada, entre outros, por David Icke, um britânico conhecido como criador de teorias de conspiração. Versões aprimoradas chegam ao ponto de relacionar 5G, “poeira inteligente”, vacinas e “activação remota” da covid.
Pelo menos no Reino Unido, há até relatos de torres de antenas de quinta geração que foram incendiadas.
Coronavirus outbreak: Conspiracy theorists burn 5G towers, claiming link to COVID-19
Some conspiracy theorists are falsely linking 5G, the fifth generation of wireless mobile technology, to COVID-19 outbreaks. Jeff Semple looks at what starte...
Não encontrámos qualquer estudo sério que prove a relação entre 5G e pandemia e só isso deveria ser suficiente para resolver o assunto. Mais, se o 5G está directamente relacionado à propagação tão rápida da covid-19, como é que se explicam os tão altos níveis de infecção registados em territórios onde a tecnologia ainda não está disponível? Aliás, a quinta geração é embrionária e encontra-se em teste, com cobertura muito limitada, mesmo em países que já a disponibilizam.
"Por exemplo, o Irão, que é um país que está sendo super afectado pelo coronavírus, não tem 5G", recorda, em vídeo, Gabriela Bailas, doutora em Física de Partículas, autora do canal Física e Afins, no Youtube.
5G E CORONAVÍRUS * DR THOMAS COWAN É CONFIÁVEL? * Física e Afins
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Gabriela dedicou-se a desmontar um vídeo de Thomas Cowan que viralizou rapidamente.
Provavelmente, a ligação quinta geração móvel/coronavírus resulta de uma discussão mais antiga sobre supostos efeitos nefastos do 5G para a saúde humana. A preocupação é real, motivo pelo qual existem inúmeras pesquisas que procuram demonstrar a sua segurança.
O 5G usa frequências na gama de 30 a 300 gigahertz. Nesta faixa, como destaca o Canal Tech, site especializado em ciência e tecnologia, não há energia suficiente para quebrar ligações químicas ou remover electrões, em contacto com tecido humano. Ou seja, a radiação 5G não penetra na pele e muito menos permite que um vírus o faça. A quinta geração móvel é segura para a nossa saúde, como concluíram já a Comissão Internacional de Protecção contra Radiação e a Organização Mundial de Saúde.
Rede de 5G é segura para a saúde, dizem OMS e estudos sobre a tecnologia
É batata: sempre que uma nova tecnologia de telecom começa a ser implantada, uma questionamento renasce: antenas e torres de celular fazem mal à saúde humana? No centro da preocupação está a radiação eletromagnética, usada por todas as tecnologias de telefonia móvel, como 3G, 4G e 5G.
"Um estudo assinado por mais de 1.300 pesquisadores mostrou que a rede 5G não oferece nenhum risco à saúde (...) a 5G ficou em estudos por mais de uma década e todos esses estudos mostram que não existem danos para a saúde", acrescenta, no seu canal, a física Gabriela Bailas.
Bill Gates e a pandemia
Um estudo publicado no jornal New York Times revelou que as teorias que associam Bill Gates ao coronavírus foram mencionadas qualquer coisa como um milhão e duzentas mil vezes na televisão ou nas redes sociais, isto apenas entre Fevereiro e Abril deste ano. A maioria do conteúdo tem origem em grupos de Facebook, a partir dos quais viraliza, com milhares de partilhas.
Um outro estudo, no caso da First Draft News, revelou que a nova rede social Tik Tok, de origem chinesa, muito popular entre jovens, é um 'jardim' onde 'florescem' inúmeras teorias da conspiração, algumas das quais associadas a Bill Gates.
On TikTok, COVID-19 Conspiracy Theories Flourish Amid Viral Dances
To the tune of "Pew Pew Pew" by Auntie Hammy, a woman in scrubs dances as the words flash on screen: "People that were never tested are added to coronavirus death toll," and "the virus is nowhere near as deadly as experts predicted."
Afinal, o que se diz sobre o fundador da Microsoft?
Como sempre, é possível encontrar várias versões da mesma teoria mas, no caso de Gates, as teorias da conspiração multiplicam-se e extrapolam a covid-19. A BBC, encontrou alegações de que Fundação Bill e Melinda Gates teria testado vacinas em crianças africanas e indianas, levando a milhares de mortes. Noutra teoria, Gates estará a prepara-se para usar a vacina da covid-19 para implantar microchips em pessoas que sejam vacinadas.
Coronavírus: Como Bill Gates virou alvo de teorias da conspiração sobre a pandemia
Em 2015, Bill Gates subiu ao palco de uma conferência TED em Vancouver para fazer um alerta terrível. "Se alguma coisa for capaz de matar mais de 10 milhões de pessoas nas próximas décadas, é provável que seja um vírus altamente infeccioso, e não uma guerra", disse ele à plateia.
Até ao momento, a Fundação Bill e Melinda Gates, já investiu mais de 300 milhões de dólares no combate ao novo coronavírus e na pesquisa por uma vacina, mas o rastilho parece estar mais atrás. Em 2015, Bill Gates participou numa popular conferência TED, em Vancouver. Nessa altura, há cinco anos, lançou um alerta para a probabilidade de uma pandemia de grande alcance, provocada por um vírus altamente infeccioso.
“Se alguma coisa for capaz de matar mais de 10 milhões de pessoas nas próximas décadas, é provável que seja um vírus altamente infeccioso, e não uma guerra. Não estamos prontos para a próxima epidemia”, disse.
O vídeo da palestra já foi visto milhões de vezes. É que, meia década depois, a pandemia chegou, o SARS-CoV-2 é altamente infeccioso e o número de mortes não pára de aumentar. Estão aqui todos os ingredientes necessários para 'cozinhar' as mais extraordinárias teorias da conspiração. Apesar disso, até ao momento nenhuma delas mostrou factos que a sustentem.
Se recuperarmos o vídeo de Bill Gates aquilo que encontramos, de facto, é o alerta de alguém bem informado e o preocupado sobre os riscos que, enquanto humanidade, corríamos face à forma nociva como nos relacionamos com a Natureza e perante a constatação, percebe-se agora que muito oportuna, de que os países investem (investiam?) muito pouco em vigilância epidemiológica.
Questionado sobre todos os boatos que circulam a seu respeito, o ex-presidente da Microsoft disse, citado pela CNBC, disse que "é até difícil negar estas coisas, porque são tão estúpidas ou estranhas",
Conspirar, conspirar
É na Internet que circulam estas teorias, mas é também na Internet que podemos obter a informação necessárias para as rebater. As teorias da conspiração são populares em situações particularmente delicadas ou polémicas, em assuntos de compreensão difícil ou sobre os quais ainda existem muitas dúvidas. Quando nos sentimos vulneráveis, procuramos, mesmo através de explicações sem sentido, respostas para aquilo que desconhecemos. Elas respondem de forma simples e confortável às nossas inquietações e por isso é que são tão apelativas e se espalham com tanta facilidade.
Sobre o Teste Rápido
O Teste Rápido é um projecto da Rádio Morabeza e do Expresso das Ilhas. Pode ouvir-nos na rádio (quinta-feira, depois das 11h00), recuperar-nos em formato podcast ou ler-nos aqui, no site do jornal.