Máscaras no queixo
Já deve ter visto a circular nas redes sociais uma imagem que alerta para os riscos da colocação das máscaras na zona do queixo. A ilustração aborda o perigo que alegadamente corremos ao retirar a máscara da boca e nariz, descendo-a para o queixo, uma vez que essa poderá ser uma zona contaminada. Em contacto com a pele exposta, a máscara poderá fica infectada, representando, por isso, um perigo.
Em letras maiúsculas, a imagem avisa: “não coloque a máscara no queixo”, aconselhando a retirar a máscara por completo em caso de necessidade, para comer, beber ou fazer qualquer outra coisa.
A imagem reproduz um comportamento que todos já presenciámos. Mas será de facto perigoso colocar a máscara neste lugar?
No portal Globoplay, a infecciologista Rosana Richtmann aborda o assunto:
"Toda a vez que você remove a máscara e a coloca no queixo, você está tirando a sua barreira, só que tem situações que você precisa fazer isso. Vai beber um copo de água, como é que você faz? Tenta remover a máscara com uma mão sem tocar na frente da máscara, bebe o seu copo de água e coloca de novo a sua máscara. Se você deixar ela no seu queixo, a chance de você acabar se esquecendo de voltar com a máscara no local adequado como barreira é grande e com isso você pode colocar as outras pessoas sob risco", explica.
Também o portal de verificação de factos, Polígrafo, foi à procura de uma resposta, ouvindo o virologista Celso Cunha. O médico explica que “a parte interior da máscara não deve estar em contacto com superfícies expostas a eventuais contaminações, nomeadamente o pescoço, as mãos, etc.”.
O Ministério da Saúde emitiu recomendações relativas ao uso de máscaras e, na Internet, é possível encontrar inúmeros vídeos explicativos sobre o uso correcto destes acessórios de protecção.
Citamos o exemplo do vídeo do site VivaBem:
"A sua máscara deve cobrir completamente o seu nariz e o seu queixo, e deve estar bem ajustada dos lados (...) não use ela abaixo do nariz, não deixe o seu queixo descoberto, não deixe ela por baixo do rosto ou pendurada em uma só orelha, quando não a for usar, não deixe ela frouxa, com espaços abertos nas laterais, e não cubra apenas a ponta do seu nariz", exemplifica Gabriela Ingrid, em São Paulo.
SEM ERROS: UM GUIA DE COMO USAR MÁSCARA DIREITO
Agora que as máscaras são obrigatórias em várias cidades do Brasil, é importante saber o jeito certo de usá-las. Confira o guia que preparamos com dicas para...
Usar as máscaras no queixo não é, assim, o único problema relativo à sua utilização. A Direcção Geral de Saúde de Portugal produziu um curto vídeo sobre os principais erros no uso de máscaras. Utilizar abaixo do nariz é um erro. Como também é errado cobrir apenas a ponta do nariz, deixar o queixo exposto ou utilizar com espaços laterais.
Cinco erros no uso das mascaras COVID19/DGS
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Manifestação na Alemanha
Por esta altura, já andamos cansados de todas as regras e proibições impostas pela necessidade de combate à pandemia. No último fim-de-semana, na Alemanha, foram organizados protestos contra essas restrições. O mote para a iniciativa foi “fim da pandemia – dia da liberdade”.
Berlin protests against coronavirus rules divide German leaders
German leaders are divided over whether to restrict the rights of demonstrators, after tens of thousands of people who took to the streets of Berlin at the weekend failed to abide by hygiene and distancing rules.
Nas redes sociais viralizou uma fotografia, associada a essas manifestações, representando uma enorme multidão.
Terá sido a fotografia tirada durante os protestos do primeiro fim-de-semana de Agosto?
Na realidade, não. Segundo a Euronews, a iniciativa reuniu perto de 20 mil pessoas, mobilizadas por movimentos de extrema-direita, como a Alternativefür Deutschland. Um número considerável, mas longe daquele que é sugerido pela imagem. Este valor é confirmado pelo site de verificação de factos, Lupa.
Os manifestantes não querem usar máscaras, não querem ser obrigados a manter o distanciamento físico, entre outras reivindicações. Como relata a Euronews, de entre as palavras de ordem estiveram muitas teorias da conspiração e incitações à resistência. Registaram-se confrontos entre manifestantes, jornalistas e agentes da autoridade.
Quanto à foto, é de 2018, tirada durante a Street Parade, um evento de música electrónica que, anualmente, reúne um milhão de pessoas em Zurique, na Suíça.
Um 'mar' de informação
Navegar neste 'mar' de informação pode ser profundamente desafiante. Distinguir o que é mentira, do que é facto exige competências específicas e muita atenção. Miguel Crespo é investigador do ISCTE e editor do site covidcheck.pt, um projecto de verificação de factos em torno da covid-19.
Quem Somos | CovidCheck
O projeto CovidCheck pretende ajudar a otimizar a comunicação oficial e a esclarecer as principais questões dos portugueses sobre a pandemia de Covid-19, com atualizações diárias desde 11 de maio de 2020. É nosso objetivo a promoção de mensagens eficazes e claras junto da população, contribuir para a identificação de desinformação que possa ser prejudicial para a saúde pública e fomentar na sociedade a procura por fontes fidedignas.
"O maior desafio é distinguir aquilo que é informação actual, aquilo que é informação fidedigna, aquilo em que podemos acreditar e toda a informação falsa que circula na Internet e redes sociais. Primeiro, todos os dias há informação nova e muitas vezes ela altera ou mesmo inverte aquilo que se deveria fazer ou que era verdade no dia anterior. Estamos a falar de algo muito novo e há novidades todos os dias", declara ao Teste Rápido.
"Depois, há todas as informações falsas, notícias falsas, oportunistas que nos tentam vender curas milagrosas para a doença. Infelizmente, não há cura nenhuma. O desafio é perceber o que é verdade, o que é credível e o que é que é apenas uma aldrabice, alguma coisa de alguém que quer ganhar dinheiro à nossa custa", acrescenta.
Em jeito de conselho, o editor do covidcheck.pt recomenda que se acredite "apenas na informação que nos chega de fontes oficiais, sejam nacionais, sejam internacionais".
"Acima de tudo, seguir as recomendações das autoridades de saúde. É a única maneira de nos protegermos e proteger aqueles que nos rodeiam", recorda.
Nota rápida: quando menos é mais
Neste nosso tempo, a informação disponível é praticamente infinita. É muito difícil acompanhar o ritmo. Por princípio, isso é bom, já que mais fontes significam mais diversidade.
O problema surge quando a informação se torna excessiva e acabamos por nos sentir perdidos. O ideal é, sobre cada assunto, escolher duas ou três fontes diferentes, de preferência, com perspectivas diferenciadas Por vezes, menos é mais.
Sobre o Teste Rápido
O Teste Rápido é um projecto da Rádio Morabeza e do Expresso das Ilhas. Pode ouvir-nos na rádio (quinta-feira, depois das 11h00), recuperar-nos em formato podcast ou ler-nos aqui, no site do jornal.