O responsável sanitário recorda que o atraso na divulgação dos resultados compromete a resposta epidemiológica.
“Neste momento, o que mais nos preocupa é que a resposta dos testes está a demorar mais do que deveria por causa da quantidade de testes para viajantes que temos vindo a fazer. Acho que, neste momento, a nossa preocupação deveria ser com os casos de testes para estudo epidemiológico e os viajantes ficavam no segundo lugar”, afirma.
“O problema é que, quando detectas um caso, ficas à espera da resposta. Quanto mais rápida for a resposta dos testes, mais rápido damos resposta epidemiológica”, sublinha.
Segundo o delegado de Saúde, para além dos testes relativos aos casos de covid-19, de São Vicente, São Nicolau e Santão Antão, o laboratório em São Vicente fica sobrecarregado com a realização dos testes PCR para viajantes
“Isto está a criar uma sobrecarga enorme no nosso laboratório. Se não estamos a conseguir fazer para uma pessoa que vem de uma ilha afectada, porque é que temos que fazer para quem está a sair do país? Neste momento, estamos a verificar que esta infecção está a alastrar para todas as ilhas, e isso está a acontecer também porque sabemos qual a fiabilidade dos testes rápidos”, afirma.
Questionado sobre a necessidade de os testes PCR para viajantes passarem a ser assumidos pelos laboratórios privados, Elísio Silva diz que, primeiro, é necessário garantir condições para que tal aconteça.
“Primeiro, temos que tomar medidas. Claro que os privados têm que criar e garantir condições para terem laboratórios para realização dos PCR. Quem está a viajar é porque tem condições. Acho que nós [delegacia de saúde] devemos assumir um estudante ou um doente que está a ser evacuado, o resto deve assumir os custos dos seus testes, seja no privado, seja no público”, aponta.
“Poderíamos estar a fazer teste PCR nas viagens inter-ilhas, porque devemos limitar as viagens. Se a pessoa tem que pagar o PCR iria limitar as viagens, porque uma pessoa não pode sair de São Vicente para ir para uma festa na Praia, porque sabe o que pode acontecer, mas se tiver mais um custo, pensa duas vezes antes de fazer a viagem”, acrescenta
Desde 1 de Agosto que são realizados voos essenciais entre Cabo Verde e Portugal, a partir de Praia e São Vicente, mediante a realização de testes PCR nos dois sentidos.
O governo anunciou, na semana passada, que decidiu atribuir competência à Entidade Reguladora Independente da Saúde (ERIS) para regular e actualizar os preços dos testes de despiste por PCR para a SARS-CoV-2, o que abre a porta à sua realização por laboratórios privados.