Ulisses Correia e Silva falava à margem do encontro com os operadores turísticos, artistas e instituições, promovido pelo Instituto Cabo-verdiano da Criança e Adolescente (ICCA), com vista a engajá-los na causa da prevenção e combate à violência sexual contra crianças e adolescentes.
A iniciativa acontece no âmbito das actividades de Junho, tido como mês da criança, e nesta parte, para assinalar 04 de Junho, Dia Internacional da Criança Inocente Vítima de agressão e Dia Nacional do Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Menores.
O evento, cuja abertura foi presidida pelo chefe do Governo, no salão de Conferência do Hotel Meliá Dunas, em Santa Maria, que acolhe a Gala CVMA 23, em que a organização se associa também à causa, tem como propósito partilhar informações e reflexões sobre a problemática.
O primeiro-ministro explicou que a sua presença na actividade representa o engajamento do Governo e das instituições públicas relativamente a esta problemática, que é, conforme enfatizou, mais do que um facto de que se tem estado ainda a insistir, é uma causa.
“Fazer com que possamos fazer reduzir de uma forma sistemática, evidente, qualquer situação de abuso e violência sexual em crianças e adolescentes”, sublinhou, enfatizando que o Governo e o Parlamento têm estado a actuar, tanto assim é que as leis hoje são “muito mais fortes” em termos de condenação e de criação de condições para denúncias.
“Mas é preciso trabalhar todas as outras vertentes (…), comunicação, sensibilidade, responsabilidade parental, a própria sociedade se engajar nesta problemática como causa. É combate, mas é causa. Quer dizer, uma disponibilidade muito forte para que possamos zerar ou reduzir ao máximo qualquer situação de agressão”, manifestou, considerando que a situação no país não é alarmante, porém preocupante.
“Não é alarmante, mas é preocupante porque, enquanto houver um caso, temos que estar preocupados e fazer o combate”, concluiu.
Por seu lado, colocando também foco na prevenção, a presidente do Instituto Cabo-verdiano da Criança e Adolescente, Maria do Livramento Medina, destacou os avanços “significativos” a nível da protecção da criança, ciente, entretanto, que há um longo caminho a percorrer.
“Sobretudo no campo social e da justiça. A violência sexual deixa traumas na criança por toda a vida. Por isso, o nosso foco deve ser na prevenção, envolvendo trabalho em diferentes níveis da sociedade”, observou, admitindo a necessidade de responsabilizar as famílias pelo “descuido e pela desresponsabilização”.
Segundo a responsável, verifica-se um aumento do número de casos denunciados a cada ano, o que no seu entendimento, significa maior consciencialização e abertura para se fazer denúncia e não “necessariamente” um aumento de casos de violência.
“O combate ao abuso e exploração sexual de crianças não pode ser restrito a uma acção isolada ou a um único espaço institucional que alcance somente a criança. Requer acçoes integradas em diferentes níveis”, enfatizou, estribando no lema “Djunto num só voz, Zero violência sexual contra crianças e adolescentes.