Portugal: Comunidade cabo-verdiana está muito bem integrada mas embaixador admite desafios

PorExpresso das Ilhas, Inforpress,5 jul 2023 9:33

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Cabo-verdianos em Portugal são os que mais contribuem com remessas para Cabo Verde
Cabo-verdianos em Portugal são os que mais contribuem com remessas para Cabo Verde

Habitação e bolsa de pobreza no topo das preocupações

Em declarações à Inforpress, em Lisboa, no âmbito da comemoração do 48º aniversário da independência nacional, Eurico Monteiro lembrou que o percurso da comunidade cabo-verdiana em Portugal não é muito antigo, como por exemplo, o dos Estados Unidos da América (EUA).

“A comunidade cabo-verdiana em Portugal é muito bem integrada, mas isso não quer dizer que não há desafios. Desde já, da habitação, que passou a custar muito mais, o que acaba por elevar o custo de vida e torna-lo muito complicado”, sublinhou.

Segundo o diplomata, os cabo-verdianos começaram a chegar em massa a Portugal, a partir dos anos de 1960 e 1970, sendo que no início, os cabo-verdianos ficavam apenas na área da Grande Lisboa. Com os tempos e a chegada de muitos estudantes, a comunidade começou também a instalar-se em outras regiões, nomeadamente no norte e centro.

“Podemos até encontrar cidades em que a comunidade cabo-verdiana é formada somente por estudantes, mas também começamos a ter a equidade de género na emigração cabo-verdiana para Portugal, porque no início, chegavam muitos mais homens do que mulheres, cenário esse que já mudou”, referiu.

Em relação ao problema de habitação, Eurico Monteiro lembrou que o governo português tem trabalhado no sentido de resolver essa situação do aumento do preço, mas que “não sendo suficiente, pode ajudar”.

“Temos também bolsas de pobreza entre a comunidade cabo-verdiana, em alguns bairros, que ainda carecem de ser resolvidas. A embaixada tem trabalhado junto das associações e tem dado o suporte necessário dentro das suas competências”, disse o embaixador.

Eurico Monteiro assegurou que recebe sempre todas as pessoas que pedem audiência, algumas indicadas pelas associações e outras por iniciativa própria, como activistas e pessoas que querem ajudar de alguma forma o seu país.

Cabo Verde é o terceiro país com mais imigrantes em Portugal, depois do Brasil e Reino Unido. De acordo com os últimos dados divulgados pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF-Portugal), até final de 2022, viviam no país 36.748 cidadãos de Cabo Verde, mas o embaixador acredita que se se for contabilizar os cabo-verdianos da primeira, segunda, terceira ou quarta geração (incluindo os que utilizam só a nacionalidade portuguesa e os que não tem ainda residência), pode-se dizer, “com clareza, que esse número chega aos 260 mil”.

“As pessoas estão aqui, mas têm dado o seu contributo para o desenvolvimento do país. Como sabe, os cabo-verdianos em Portugal é que mais contribuem com as remessas para Cabo Verde”, sustentou, considerando que “não é por acaso que se diz que Cabo Verde não é só as dez ilhas, mas que tem a 11ª ilha que é a sua diáspora, que de longe, dão o seu contributo e quando acharem que devem regressar, regressam”.

Por outro lado, Eurico Monteiro referiu que o Acordo sobre a Mobilidade entre os Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) tem beneficiado muitos cabo-verdianos que nos últimos meses tem chegado a Portugal.

“O Estado não pode impedir ninguém de viajar, se o outro país está disponível a recebê-lo. O que se tem que fazer é criar incentivos, tanto as instituições públicas, como privadas, para assegurar que os seus quadros fiquem no País”, disse.

O Acordo sobre a Mobilidade entre os Estados-Membros da CPLP foi assinado em 2021, e teve como objectivo criar e facilitar a mobilidade entre os países da comunidade, através da adopção de um regime mais simples de emissão de vistos.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Inforpress,5 jul 2023 9:33

Editado porJorge Montezinho  em  31 mar 2024 23:28

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