José Maria Neves discursava durante o Ato Central das Comemorações do 57°Aniversário das Forças Armada, na ilha do Sal.
Entre os acontecimentos trágicos, Neves citou o acidente que vitimou oito militares em Serra Malagueta durante uma missão e o falecimento de um recruta numa marcha administrativa no Centro de Instrução Militar.
Conforme o Chefe do Estado, tais eventos provocaram reações na sociedade civil, gerando um debate legítimo sobre o Serviço Militar Obrigatório, que, segundo defendeu, deve ser objecto de atenção por parte de todos os actores políticos e das próprias Forças Armadas.
“Esses acontecimentos devem ser catalisadores de mudanças a nível de processos e de procedimentos, visando a modernização e adequação do Serviço Militar às demandas e exigências dos novos tempos. Dito por outras palavras, as lições aprendidas desses casos devem ser factores diferenciadores e, assim, contribuir para o fortalecimento das Forças Armadas, no seu todo”, discursou.
José Maria Neves também sublinhou a urgência de acelerar o processo de reforma das Forças Armadas, tornando-as mais adequadas aos desafios de um Estado oceânico, especialmente num momento de mudanças geopolíticas globais.
Nesse sentido, abordou a fragilização das instituições democráticas em escala mundial, destacando a importância de Cabo Verde ser um promotor da paz, defensor do direito internacional e do multilateralismo.
Referindo-se aos acontecimentos no cenário internacional, incluindo a Guerra na Ucrânia e a Crise no Médio Oriente, instou à promoção da paz, humanismo e bem comum.
Ao abordar a questão da segurança em Cabo Verde, o Presidente enfatizou a necessidade de uma segurança marítima previsível e flexível, utilizando tecnologias informacionais, incluindo a Inteligência Artificial, para superar lacunas estruturais.
“Reconhecemos a necessidade do reforço dos investimentos na Guarda Costeira, à luz do preceituado no seu Plano Estratégico de Desenvolvimento. Neste quesito, destacamos a aquisição de uma aeronave para as missões de fiscalização, bem como as de interesse público, nomeadamente, a evacuação urgente de doentes. Contudo, merece a nossa preocupação o fato de, ainda, se verificar um número considerável de meios navais inoperacionais, de entre os quais o Navio Patrulha Guardião”, salientou.
José Maria Neves também abordou a necessidade de definir os moldes de actuação das Forças Armadas em missões de interesse público, garantindo que os investimentos estejam alinhados com as prioridades, incluindo apoio às forças de segurança e ao sistema nacional de protecção civil.
Nas suas declarações, o PR elogiou as Forças Armadas como uma instituição de valores e virtudes, destacando o compromisso de fidelidade à Bandeira Nacional e incentivando a preservação dos valores republicanos.