A alerta e o apelo foram feitos hoje, durante uma conferência de imprensa.
Segundo o inspector da Brigada Central de Investigação do Cibercrime e Terrorismo, José Brito, a PJ tem recebido um número fora do comum de queixas, mais especificamente de acesso ilícito às redes sociais, e não só.
“Não consigo dizer exactamente os números porque há queixas que entram na Polícia Judiciária, na Polícia Nacional e até mesmo no Ministério Público. O que constatamos é que houve um aumento considerável nos últimos três meses e isto é preocupante porque faz crer que ou a população está pouco informada, ou então os criminosos estão mais ousados e querem mais sucesso nas suas atividades”, disse.
O Inspector Brito observou que as vítimas de acesso ilícito abrangem diferentes classes sociais, mas que há uma prevalência entre pessoas menos preparadas para o uso das tecnologias de informação e ‘internet’.
"São pessoas que são pegas desprevenidas e de repente perdem o seu perfil porque o criminoso muda a palavra passe e deixam-nas de fora das suas próprias redes sociais. Depois usam as redes sociais da qual se apoderaram como se fossem deles para contactar mais pessoas e enganá-las”, relatou.
Além do acesso ilícito, esses crimes levam frequentemente a outros delitos como chantagem e invasão de privacidade.
"No que se refere às chantagens, mais precisamente, é um caso muito sensível, porque muitas vezes as vítimas, com medo, acabam por ceder às demandas dos criminosos," referiu.
A PJ tem recebido colaboração de plataformas como Facebook, Instagram e WhatsApp, mas Brito ressalvou que o comportamento dos utilizadores da ‘internet’ continua a ser um grande desafio.
"Não devem utilizar o telefone para fazer tudo, não devem carregar em qualquer anúncio e nem entrar em qualquer página, ou abrir qualquer link que receba por pura curiosidade. As redes sociais nunca utilizam contacto de terceiros para recuperar a conta de alguém, sempre pede à pessoa o seu próprio contacto ou email”, aconselhou.
Com o aumento do tempo livre dos adolescentes durante as férias, José Brito apelou aos pais e encarregados de educação para estarem mais atentos.
"A tendência é quando houver muito tempo livre usar mais as redes sociais e os riscos são, consequentemente, maiores. Então apelamos sobretudo os adolescentes e qualquer utilizador, pais e encarregados de educação que fiquem mais atentos aos filhos", pediu.
Entretanto, o inspector Brito enfatizou a importância de um espírito crítico e de manter um comportamento seguro ‘online’ e a necessidade de reportar qualquer actividade suspeita, além de seguir as normas de segurança ‘online’ para evitar ser vítima de cibercrimes.
Refere-se que na passada quinta-feira, 11, a PJ, emitiu um alerta sobre os riscos associados à apropriação indevida de contas nas redes sociais, particularmente no Instagram e no Facebook, na sequência de várias denúncias recebidas.
No comunicado, a força policial descreveu que inicialmente os criminosos enviam às vítimas um código que simula ter origem no serviço de suporte das próprias plataformas das redes sociais, caso a pessoa alvo responder e disponibilizar o código de segurança que recebeu, estes criminosos ficam aptos a gerar novas credenciais e associar novos contactos as respectivas contas e a aceder as mesmas.
Uma vez em posse da conta, os criminosos podem replicar a técnica com os contactos da vítima, ampliando o alcance do crime.