O desemprego em Cabo Verde desceu de 15% para 12,2% em 2017, segundo dados divulgados terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INECV).
“É preocupante ver que a aparente diminuição da taxa de desemprego nos indica que a economia não teve capacidade de geração de emprego, muito pelo contrário, os dados apontam para a destruição líquida do emprego”, disse o secretário-geral do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Julião Varela.
O responsável sustentou a sua afirmação nos indicadores do INECV que dão conta da diminuição da população empregada de 209.725 para 203.775 pessoas (menos 5.950 pessoas), da redução da taxa de emprego de 54,2% para 51,9%, do aumento em 19.690 efectivos do número de inactivos e numa taxa de inactividade estimada em 40,8%.
“Se tivermos em conta que foram criados 8.531 postos de trabalho e foram destruídos 5.950 significa que, em termos líquidos, ficamos com 2.581 empregos, muitíssimo longe dos 9.250 postos de trabalho prometidos”, disse.
“Falar em 12% de desemprego é muito bom, mas pode ser enganador se analisarmos friamente, do ponto de vista económico, os dados que contribuem para esta taxa”, acrescentou.
Julião Varela sustentou que a descida da taxa de desemprego se fica a dever “em primeiro lugar, à redução da população ativa” a que se juntam “os desempregados que deixaram de procurar trabalho, por desânimo”.
“Os dados do emprego são piores do que o referente ao ano de 2016, pois apenas 88% das pessoas que estiveram empregados em 2016, mantiveram os seus postos de trabalho em 2017″, reforçou.
Por isso, entende o secretário-geral do PAICV, “os dados revelam uma dinâmica preocupante [?] através da degradação de vários indicadores chave do mercado de trabalho, sendo de destacar a redução significativa da população activa e da taxa de actividade, mas também um forte crescimento da taxa de inactividade, ou seja, dos desencorajados”.
Julião Varela comentou ainda os dados sobre o crescimento económico em Cabo Verde em 2017, considerando que o crescimento previsto de 3,9% assenta essencialmente em gastos públicos.