“Qualquer decisão sobre rotas internacionais a partir de qualquer das ilhas que dispõem de aeroporto internacional deve ser devidamente fundamentada e tomada pela gestão da empresa com base na sustentabilidade financeira e comercial”, referiu o ministro Elísio Freire, porta-voz deste comunicado.
Ademais, “não é através da pressão política que as melhores decisões se tomam, nomeadamente num sector sensível como os transportes aéreos, numa empresa a sair do estado de coma e num país que precisa de reduzir o risco soberano e aumentar a confiança junto do mercado, das instituições financeiras e dos parceiros de desenvolvimento”, acrescentou o ministro dos Assuntos Parlamentares, da Presidência do Conselho de Ministros e Ministro do Desporto.
No comunicado à imprensa (sem direito a perguntas), que começa por reconhecer o direito às manifestações, sendo que o governo as encara “com grande naturalidade” e como “um ganho da democracia”, são elencadas várias medidas e iniciativas no sentido de promover o desenvolvimento da ilha de São Vicente.
Entre elas, o governo destaca, entre outros, investimentos em curso e programados como o Campus do Mar ou o terminal de Cruzeiros, bem como o engajamento do executivo “na atracção de investimentos privados” e “na facilitação do acesso de investidores nacionais a financiamento de grandes projectos, nomeadamente no sector do turismo”. Uma aposta que, acredita tem reconhecidos bons resultados.
O essencial e o acessório
Na senda do desenvolvimento, a “conectividade e os transportes são uma prioridade absoluta”.
“Mais do que a focalização numa companhia, o fundamental é assegurar que as ilhas possam ter ligações marítimas e aéreas regulares, seguras e acessíveis para unificar o mercado nacional e ligar com o mundo. Impõe-se, pois, separar o essencial do acessório”, sublinhou o ministro.
O comunicado serviu ainda para relembrar, mais uma vez, o estado calamitoso em que o actual governo encontrou a TACV; a falta de coragem do governo anterior para resolver a situação, bem como a opção tomada de reestruturar a empresa para a privatizar e a aposta no hub do sal para viabilizar comercialmente a companhia. Opções, portanto, para resolver “o estado lastimável a que a empresa chegou e que foi “resultado “da politização de decisões de gestão”.
Contra a suspensão
A suspensão de ligações internacionais directas para São Vicente, por parte da companhia nacional, bem como a reacção do do primeiro-ministro, que isentou o governo de qualquer responsabilidade nesta matéria, têm vindo a marcar a actualidade.
Durante a sessão parlamentar desta semana, o PAICV acusou o governo de descurar a coesão territorial do país e de deixar a mobilidade dos cidadãos à mercê da dinâmica do mercado.
Antes, já o Presidente da Câmara Municipal de São Vicente, Augusto Neves, se posicionara, em particular contra as declarações de Ulisses Correia e Silva, lembrando que a TACV é uma empresa do Estado e que como tal o serviço público deve ser garantido. Além disso, questionou a alegada falta de rentabilidade das linhas, tendo em conta que para outras companhias (a TAP), essa rota se mostra viável.
Entretanto, o movimento da sociedade civil, Sokols 2017 marcou, para este domingo, a “Marcha de indignação de Soncente”, para exigir a reposição das ligações directas da TACV de e para São Vicente.