Tiago Brandão Rodrigues falava aos jornalistas no final da cerimónia de assinatura da declaração de intenções conjunta relativa à implementação da Rede de Bibliotecas Escolares (RBE) e do PNL de Cabo Verde, que decorreu no Palácio do Governo, na Praia.
O ministro, que hoje participa na sessão de encerramento do primeiro encontro anual das Escolas Portuguesas no Estrangeiro (EPE), nesta cidade, transmitiu à sua homóloga cabo-verdiana e ao ministro da Cultura e das Indústrias Criativas a “vontade de continuar a cooperar como até aqui”.
Nesse sentido, enalteceu o papel da RBE, que cumpre 23 anos em Portugal, e do PNL, que já vai no 13.º aniversário.
Estes dois “instrumentos de política pública absolutamente fundamentais”, como classificou Tiago Brandão Rodrigues, estão a dar os primeiros passos em Cabo Verde, país que conta já com nove bibliotecas em nove municípios da ilha de Santiago, com o apoio da cooperação portuguesa, e deverá chegar em breve às ilhas do Fogo e da Brava.
A RBE e o PNL “têm sido instrumentos de política pública absolutamente fundamentais para que os níveis de leitura tenham aumentado e que o combate ao abandono escolar se dê com outra robustez”, considerou.
“[Através destes programas] diminuímos o abandono escolar, diminuímos a retenção e aumentámos o sucesso escolar e, neste trabalho conjunto, Portugal mostra a vontade de continuar a cooperar como temos feito até aqui”, prosseguiu o governante português.
É precisamente o legado de 23 anos de RBE e de 13 anos do PNL que o ministro quer partilhar com Cabo Verde.
“Este legado ensina-nos como fazer melhor, eventualmente a não cometer erros que possamos ter feito e é nessa parceria que acreditamos que Cabo Verde vai aumentar e melhorar as bibliotecas que já tem”, declarou.
A ministra da Educação, Família e Inclusão Social cabo-verdiana, Maritza Rosabal, referiu que este memorando de entendimento hoje assinado entre os dois países “vem dar uma nova fase ao projecto”.
“Até agora estávamos muito voltados para a montagem das bibliotecas, coisas muito práticas. Hoje estamos num outro patamar, de reforço de competências”, assegurou.
“Se queremos sustentar este projecto, a primeira coisa que temos de fazer é formar e capacitar as pessoas que ali trabalham, não apenas essas, mas também outros professores de outras escolas”, defendeu a governante.
O documento hoje firmado prevê a assinatura, a curto prazo, de um instrumento de cooperação bilateral que enquadre e potencie a cooperação da RBE e do PNL, de Portugal, com os congéneres de Cabo Verde.
Na prática, esta colaboração tem sido concretizada desde 2017, mas é intenção dos ministérios dos dois países conferir-lhe maior dinamismo, operacionalidade e um enquadramento legal.
“Há um processo de reforço de criação desta rede, de reforço de competências para fazer funcionar as bibliotecas escolares e onde o livro funcione como um elemento de mais conhecimento, mas também de lazer”, continuou Maritza Rosabal.
A ministra reiterou a intenção de alargar a RBE a outras ilhas, mas ressalvou que o objetivo é ter uma escola por município dotada de biblioteca, a qual pode ser visitada por outros estabelecimentos.
“Promovemos estas visitas, o que está a ser muito interessante”, comentou.
Por seu lado, o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde, Abraão Vicente, classificou a RBE como “fundamental”, porque “coloca o livro onde deve estar na sua essência: ao pé das crianças e dos estudantes, dando acesso a estudantes que muitas vezes não têm o livro como o melhor amigo”.
“A História de Cabo Verde mostra que todos nós andamos pela vida sempre com o bom amigo livro debaixo do braço”, afirmou.
Para o ministro, “o livro tem de estar inserido no sistema educativo”, sendo que “os alunos e os professores serão sempre os maiores portadores do conhecimento que o livro porta”.