"O PAICV ainda não tem dado sinais de vitalidade, atractividade e confiança, não está a conseguir mobilizar os cabo-verdianos e capitalizar o seu descontentamento em relação à governação do MpD, a ponto de provocar a mudança de rumo que o povo das ilhas reclama", avaliou o parlamentar.
A mensagem consta numa carta aberta do deputado, eleito pelo círculo eleitoral do Partido Africano da Independência de Cabo Verde para Santiago Norte, enviada aos militantes, amigos e simpatizantes do PAICV e publicada na sua página pessoal no Facebook.
Na missiva, em que mostra disponibilidade para promover uma candidatura à liderança do PAICV, José Sanches faz uma avaliação da situação do país e dos três anos de governação do Movimento para a Democracia (MpD).
Num "contexto de enormes desafios", o parlamentar entende ser imperiosa a necessidade de "repensar os caminhos do futuro" e construir uma plataforma capaz de "devolver a esperança aos cabo-verdianos, resgatar o país e retomar os caminhos do progresso e da justiça".
José Manuel Sanches deverá anunciar na quinta-feira a sua intenção de se candidatar à liderança PAICV, em eleições internas em que terá pelo menos concorrência da actual líder, Janira Hopffer Almada.
O deputado já tinha protagonizado uma candidatura à liderança do grupo parlamentar do PAICV, em eleições que decorreram em Outubro último, tendo perdido para Rui Semedo. Este sucedeu a Janira Hopffer Almada no cargo.
O secretário-geral do PAICV, Julião Varela, disse hoje que o partido não está dividido pelo facto de José Sanches apresentar uma candidatura à liderança do partido, considerando que a disputa interna é normal e significa "vitalidade democrática".
O dirigente partidário considerou, igualmente, que o partido não sairá fragilizado do processo eleitoral interno, notando que todo o embate será "com base nas ideias e alternativas que cada um tiver para a condução futura do partido".
Questionado se há possibilidade de consensos para uma única candidatura, Julião Varela respondeu que "tudo é possível" e que "trabalhos irão ser feitos no sentido de haver aproximações".
As eleições directas para a presidência do PAICV e o congresso do partido vão decorrer entre Janeiro e Fevereiro do próximo ano.
Depois de década e meia a governar o país, há três anos o PAICV perdeu as eleições legislativas e passou a ser o maior partido da oposição cabo-verdiana, com 29 deputados no parlamento.