“O país não está bem porque a nossa dignidade está a ser rebaixada, assim como a nossa soberania está a ser negociada”, indicou a presidente PAICV, Janira Hopffer Almada, na abertura do ano político e parlamentar, em que o Salão Nobre da Assembleia Nacional esteve completamente cheio de militantes e simpatizantes do seu partido.
Em declarações à imprensa, a “grande presença” de militantes e simpatizantes do PAICV demonstra, por um lado, a “força do partido” e, por outro, que os cabo-verdianos estão a ver o PAICV como uma “nova esperança para resgatar o país, que seja para todos” em que haja “mais empregos, mais segurança, mais igualdade e melhor acesso à saúde e à educação”.
Para a líder da oposição, o seu partido vê Cabo Verde como um país que “confia nos cabo-verdianos” e que devem ser estes os “protagonistas do desenvolvimento e donos do futuro desta terra que é de todos nós”.
Na sua perspectiva, o país está numa “situação muito complicada” em que não se fez reformas, em que o Governo, afirmou, passou três anos e meio a tomar “medidas avulsas”, ou seja, uma “política de retalho, uma espécie de navegação à vista”.
“Os cabo-verdianos ouvem que o país está a crescer, mas não sentem que a sua vida está a melhorar”, indicou, lamentando o facto de o arquipélago ter caído nos rankings do turismo, “motor da economia nacional” e no Dong Business.
Disse que é possível “resgatar o país”, assim como é possível “governar Cabo Verde melhor”.
Sanches ausente
“Não estive presente [na abertura do ano parlamentar], porque tenho a minha agenda e penso que a abertura do ano parlamentar já devia ter acontecido”, disse José Sanches, deputado do PAICV, e até agora o único candidato confirmado às eleições internas do maior partido da oposição.
Numa conferência de imprensa realizada esta segunda-feira, o deputado do PAICV defendeu que o processo eleitoral está a ficar marcado pela falta de transparência.
“A marcação da data da eleição torna-se urgente”, disse Sanches que estranha “que tenha sido marcado o congresso, sem ser fixada uma data para as eleições internas”.
Para o candidato à liderança do maior partido da oposição é, por isso, urgente “a realização da reunião do Conselho Nacional, de modo a sanar esta anormalidade e clarificar a actuação e funções da presidente do partido”.
O acesso à base de dados dos militantes do PAICV é outra das preocupações reveladas hoje durante a conferência de imprensa que decorreu na Assembleia Nacional.
“Na sequência da minha disponibilidade para candidatar-me à liderança do PAICV, solicitamos formalmente à direcção do Partido a disponibilização da Base de Dados dos militantes para efeitos de preparação da candidatura”, lembra José Sanches. No entanto, “estranhamente a actual direcção do partido recusa-se a disponibilizar a base de dados”, alega o candidato que diz que a recusa aconteceu já por duas vezes. Numa “primeira nota datada de 28-08-2019 que a base de dados só seria disponibilizada 15 dias antes das eleições internas” e depois a “17-10-2019, afirma que esta só seria disponibilizada após a abertura do processo eleitoral”.
Para o processo eleitoral que se aproxima e, alega, de forma a garantir o máximo de transparência, José Sanches pediu ao Conselho Nacional do PAICV para que seja criada uma Comissão Mista que integre elementos de todas as candidaturas à liderança do PAICV “para analisar a base de dados do partido e supervisionar todo o processo eleitoral”.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 935 de 30 de Outubro de 2019.