Além de presidente do PAICV, Janira acumulou desde o início do mandato desta legislatura as funções de líder parlamentar. Agora com o aproximar das eleições, a presidente anuncia que não se vai candidatar mais uma vez ao cargo de líder parlamentar.
Em comunicado, o PAICV anuncia que a sua líder tomou esta decisão “convicta de que está a fazer a escolha que melhor serve o Partido, neste momento, em que é preciso incrementar, ainda mais, a aproximação à sociedade, mediante uma dedicação, a tempo integral, da presidente do Partido, tendo em vista os embates que o PAICV terá futuramente”.
“O sentimento é de dever cumprido e advém do intenso trabalho desenvolvido e do nível de produtividade alcançado em que, por iniciativa do PAICV, tiveram lugar, na Casa Parlamentar, debates e interpelações sobre diversas matérias; foram assumidas diversas declarações políticas; pedidos de criação de Comissões Parlamentares de Inquérito para os dossiers Novo Banco e Binter, além de pedidos de Fiscalização de Constitucionalidade (aquando da aprovação do OE para 2017 e, agora, com o Acordo SOFA), imprimindo maior dinamismo ao Parlamento e contribuindo para uma opinião pública cabo-verdiana melhor esclarecida e mais interventiva”, acrescentou Janira Hopffer Almada.
Discurso directo
Ainda na terça-feira, num texto publicado no Facebook, a presidente do PAICV reforçava as explicações para não se candidatar a um segundo mandato.
Mas primeiro, o contexto. “Há dois anos e meio, quando decidi candidatar-me à Liderança do Grupo Parlamentar, era o “rosto” da derrota! O PAICV tinha acabado de perder as Eleições Legislativas da forma como perdeu. Assumi os resultados, e a responsabilidade de liderar o partido no Parlamento, com a coragem com que sempre encarei todos os desafios da minha vida”, escreveu dizendo ainda que ao assumir a liderança da bancada o fez “decidida a imprimir à Oposição Parlamentar, nesse Pós-Eleição, uma dinâmica que não deixasse ninguém “jogar a toalha ao chão”.”
“Cumpri o meu dever”, garante ainda Janira Hopffer Almada.
As criticas, prossegue, “existirão sempre” mas, diz, durante a sua liderança “o PAICV esteve presente e actuante em momentos decisivos e não só.
Propôs debates, fez interpelações, apresentou declarações políticas, solicitou a constituição de Comissões Parlamentares de Inquérito e suscitou a fiscalização de algumas normas, em algumas matérias”.
Mas agora, no fim deste mandato como líder da bancada do PAICV, Janira Hopffer Almada considera que é “momento de sair dos gabinetes…Estabelecer um contacto ainda mais próximo e empático com o país real. Ouvir as pessoas, olhando-as olhos nos olhos, ouvindo-as com o coração e pensando juntamente com elas, que País pretendemos, realmente, construir”.
Não me recandidato porque, para mim – como sempre assumi – a Política sempre foi missão. Não me recandidato porque o que me move – como sempre assumi – é uma causa. Não me recandidato porque entendo que nenhum cargo público e/ou político tem “dono”. Ocupamos a função temporária e transitoriamente e não podemos nos esquecer disso em nenhum momento da caminhada”.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 880 de 10 de Outubro de 2018.