“Dependendo das directivas da Direção Nacional de Saúde, a população dos 12 aos 17 anos poderá vir a ser vacinada, para aumentarmos assim o nível de segurança sanitária e de protecção nas escolas”, disse o chefe do Governo, ao discursar no acto central oficial do arranque do ano lectivo 2021/2022, que decorreu no Liceu Domingos Ramos, na cidade da Praia.
O programa nacional de vacinação contra a covid-19 iniciado em Março passado tinha a meta de vacinar este ano 70% da população adulta. Actualmente, segundo dados do Governo, mais de 70% da população adulta já recebeu pelo menos uma dose da vacinação e o novo objetivo é atingir 85% até final de Outubro.
Cerca de 130 mil crianças e jovens regressaram hoje às escolas, com carga horária completa, ensino presencial e a possibilidade de aulas no ensino básico aos sábados, para recuperar atrasos na aprendizagem devido à pandemia.
Destes, cerca de 16.500 vão frequentar os jardins de infância, 83.500 o ensino básico obrigatório (do 1.º ao 8.º ano de escolaridade) e cerca de 30.000 no ensino secundário (do 9.º ao 12.º ano de escolaridade).
“O ano lectivo 2021/2022 inicia-se ainda em plena pandemia, mas graças ao bom combate que nós todos temos estado a dar, os riscos são menores de que no ano passado”, afirmou Ulisses Correia e Silva, reconhecendo que medidas como o uso de máscara nas escolas “vão continuar”, para “conjugar a vacinação com a proteção adicional”.
O regresso às aulas tem ainda como pressupostos a vacinação dos professores e demais funcionários afectos às escolas, bem como dos alunos com idade igual ou superior a 18 anos e a manutenção e reforço das medidas adoptadas para conter a propagação da covid-19.
O novo ano lectivo iniciou-se com o lema “Resiliência e Confiança para uma Educação de Qualidade” e o primeiro-ministro assumiu o “desafio e objectivo” de caminhar para uma “educação de excelência” em Cabo Verde, cuja “chave” são os professores, destacando também o “ganho assegurado” pela gratuitidade do ensino público até ao secundário.
Anunciou ainda uma reforma no ensino secundário, com “foco especial” no ensino das ciências, das tecnologias e da matemática, “que será reforçada”, bem como no “domínio de línguas”.
“Informo aqui também que a língua cabo-verdiana vai constar da nova matriz curricular do ensino secundário que entrará em vigor no ano lectivo 2022/2023”, revelou Ulisses Correia e Silva na mesma intervenção.
Devido à pandemia da covid-19, as aulas presenciais em Cabo Verde foram suspensas em Março de 2020, no final do segundo período desse ano lectivo (2019/2020). Foram retomadas em 01 de Outubro de 2020 em todo o país, e um mês depois na cidade da Praia – que na altura registava um pico de contágios por covid-19 -, mas por três dias por semana e com horários reduzidos
Após dois anos lectivos de condicionalismos devido à covid-19, inicia-se neste ano lectivo um plano de recuperação das aprendizagens, que segundo o Ministério da Educação consiste na antecipação do início das aulas, prolongamento do final do ano lectivo, e redução das interrupções lectivas nas férias do Natal, Carnaval e da Páscoa.
Prevê ainda, após diagnóstico e avaliação pedagógica a realizar no primeiro mês de aulas, que “poderá ser ponderado” estender as aulas no ensino básico aos sábados, “nos concelhos e nas escolas onde houve mais perda de conteúdos”.
Nos últimos meses foram reabilitadas 34 escolas, num investimento público de 116 milhões de escudos e em média cada sala de aula terá 30 alunos, divulgou anteriormente o Ministério da Educação.
No total, cerca de 6.000 professores foram colocados nas escolas e foram recrutados mais de 200 novos docentes, adiantou anteriormente o ministro da Educação, Amadeu Cruz, acrescentando que 75% do pessoal docente já recebeu pelo menos a primeira dose de uma das vacinas contra a covid-19.
“Será exigida a apresentação de certificado de vacinação ou de teste ‘covid’ negativo aos professores, aos funcionários e aos alunos [maiores de 18 anos] que frequentam as escolas”, afirmou o ministro, Amadeu Cruz.
Numa mensagem a propósito do novo ano lectivo, que divulgou hoje, o Presidente da República destacou que a educação, para um país “sem recursos naturais tradicionais conhecidos”, assume “uma importância inigualável”.
“Em todo o mundo, a educação foi dos sectores mais afectados por esta doença. A suspensão das aulas e o recurso ao ensino à distância, desigualmente acessível a alunos e a professores, tiveram impacto negativo no processo de ensino e de aprendizagem. Mas, provavelmente, o que mais terá afetado os alunos foi a interdição da convivência com os colegas”, reconheceu.
“Neste regresso ao sistema presencial, são grandes os desafios que se colocam à Escola, sendo de destacar o rigoroso cumprimento das normas sanitárias, e, muito particularmente, da vacinação, para todos os que se encontram em condições de serem imunizados”, afirmou ainda o Presidente da República, acrescentando não duvidar que os docentes “estão à altura desses desafios”.