No seu discurso, depois de prestar juramento, José Maria Neves destacou o impacto da actual crise na situação sócio-económica do país. A reconstrução do país, conforme sublinhou, deve ser a prioridade de todos.
“A dívida pública e o défice público estão em níveis muito preocupantes, são elevadas as taxas de desemprego, temos ainda na sociedade taxas significativas de pobreza, são acentuadas as desigualdades sociais e outras formas de exclusão social. A grande prioridade nacional tem de ser, necessariamente, a reconstrução do país neste ciclo doloroso dos pós- pandemia”, sublinhou.
Segundo José Maria Neves, trata-se de uma tarefa que exige a convocação de toda a nação.
“E este é o tempo de cerrar fileiras e todos juntos dar o melhor de nós para o progresso da nossa terra e o bem-estar de todos”, acrescentou
A eliminação da pobreza e o combate a todas as formas de exclusão social, de acordo com o recém-empossado Chefe de Estado, devem ser “imperativos éticos” e mobilizar o esforço da nação.
O novo Presidente reiterou o seu engajamento na promoção de um programa de habitação condigna, que beneficie sobretudo as famílias mais pobres.
Numa outra frente, presidente da República apontou a Justiça como uma das preocupações fundamentais, sublinhando o “real descontentamento na sociedade ”.
“Da mesma forma que devemos respeitar a Justiça enquanto trave essencial do nosso Estado de direito democrático, devemos promover o diálogo com todo o sentido de responsabilidade que se impõe, envolvendo os órgãos do sector, o governo, todos os operadores de justiça, a sociedade, em ordem a construirmos os consensos necessários para resolver os problemas”, apontou.
O combate à violência baseada no género, a promoção da paternidade responsável, a despartidarização da administração pública, a oficialização do crioulo, as alterações climáticas são sectores que também deverão merecer a atenção do Presidente da República.
Neves sublinhou a importância do diálogo e a procura de consensos em temas fundamentais para o desenvolvimento e crescimento do arquipélago.
“É urgente apostar em todos os factores de crescimento e fortalecimento da confiança mútua entre os principais sujeitos políticos. Não se pode discutir com duas pedras nas mãos, tal não é nem salutar, nem produtivo. Na falta de entendimento, todos perdemos”, assegurou.
No plano externo, José Maria Neves defendeu o reforço do multilateralismo, das relações bilaterais com os países amigos e parceiros tradicionais de Cabo Verde, bem como da integração e aproximação à África.
“África tem de merecer toda a prioridade enquanto continente a que pertencemos, espaço natural e de ancoragem e de estratégia de valorização das nossas vantagens comparativas e transformando-as em vantagens competitivas”, afirmou.
No que se refere à parceria especial com a União Europeia, Neves indicou que “tem ainda enormes margens de crescimento”, apontando ainda a intenção de trabalhar com o governo numa ação destinada aos países asiáticos e do Golfo Pérsico.
José Maria Neves foi eleito na primeira volta das eleições presidenciais realizadas em Outubro deste ano. Sucede no cargo a Jorge Carlos Fonseca.