“Esta candidatura é um movimento cidadão que está a mobilizar, nas ilhas e na diáspora, milhares de pessoas. Estamos a crescer todos os dias para conseguirmos, no dia 17 de Outubro, trazer de novo um novo sol no horizonte de Cabo Verde”, assegurou José Maria Neves no passado dia 2 de Setembro, durante a apresentação pública da sua candidatura à Presidência da República.
José Maria Neves, no início do seu discurso, assinalou a presença de Pedro Pires. Para o agora candidato presidencial, a presença de Pedro Pires é “um exemplo de que a diferença faz a força”.
“Quando a 5 de Julho de 1975 proclamamos a nossa independência vivemos o momento mais sublime da nossa história, porque libertamos o nosso país do domínio e da subjugação”, palavras que serviram para José Maria Neves recordar o papel central do antigo Presidente da República na conquista da independência de Cabo Verde e no lançamento das bases do país actual. “Passamos de um país improvável para um país possível”.
No discurso que fez durante da cerimónia que decorreu na Assembleia Nacional, José Maria Neves, criticou a forma como o jogo político tem sido feito em Cabo Verde, descrevendo a política que se faz em Cabo Verde como “um jogo bruto” em que “a ideia é atingir, lesionar, excluir, afastar, discriminar e destruir o adversário, expulsando-o fora do campo de jogo”.
“Quando ouvimos discursos revanchistas e de ódio com relação ao passado, quando observamos as pessoas a falarem de filhos de fora e de dentro, que pedra não joga com garrafa, que eu apito e jogo, que existem muitos lobos vestidos com pele de cordeiro, aí, começamos a preocupar-nos porque é um discurso de ódio, revanchismo e exclusão”, declarou, ressalvando que quer ser o primeiro embaixador da república.
Neste sentido, assegurou o candidato à sucessão de Jorge Carlos Fonseca, a sua candidatura a Presidente da República tornou-se realidade porque a sua forma de fazer politica é “diferente” e garante que a sua candidatura quer colocar sobre a mesa a política da amizade, da inclusão e que respeita as diferenças.
Para José Maria Neves é, por isso, fundamental, dentro do quadro dessa política de amizade, que se garanta o equilíbrio para que se assegure a defesa das liberdades fundamentais, da democracia e do estado de direito.
No entanto, alertou, em “condições normais vou ganhar as eleições no dia 17 de Outubro. Mas fica o aviso: em condições anormais também vamos trabalhar para ganhar as eleições de 17 de Outubro.
Mais equilíbrio
“Se tivermos mais equilíbrio cidadãos, empresas, sindicatos enfim a sociedade civil terá mais força, portanto, é fundamental garantirmos o equilíbrio nas próximas eleições e é por isso que sou candidato porque quero garantir estabilidade das instituições”, declarou, prometendo que, em caso de vitória, será um Presidente, presente, actuante e que irá fiscalizar as acções do Governo.
Mobilizar os cabo-verdianos
No seu discurso, José Maria Neves destacou a importância de Cabo Verde ter, nos próximos cinco anos, um Presidente da República com energia e capacidade de tomar decisões e que seja um porta-voz das aspirações dos cabo-verdianos.
José Maria Neves reconheceu igualmente a crise que o País e o mundo enfrentam, provocada pela pandemia de COVID-19, e defendeu que é essencial que Cabo Verde tenha um Chefe de Estado no período pós pandemia, que mobilize todos os cabo-verdianos, com o objectivo de ajudar o País a vencer os desafios e a retoma do crescimento económico.
“É fundamental termos um Presidente que sugere e aconselha, e, sobretudo, que irá trabalhar em cooperação com os órgãos de soberania por forma a encontrarmos soluções para resolvermos os problemas que afectam Cabo Verde neste momento”, apontou.
Cabo Verde realiza eleições presidenciais no dia 17 de Outubro, às quais já não concorre Jorge Carlos Fonseca, que cumpre o segundo mandato como Presidente da República.
José Maria Neves, 61 anos, foi primeiro-ministro durante 15 anos (2001-2016) e anunciou publicamente que iria concorrer ao cargo de Presidente da República em 19 de março último e dois meses depois viu o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), que liderou e do qual é militante há cerca de 40 anos, declarar-lhe o apoio.
Além de José Maria Neves há mais seis candidatos na corrida à sucessão de Jorge Carlos Fonseca no mais alto cargo da Nação: Carlos Veiga, Fernando Rocha Delgado, Hélio Sanches, Gilson Alves, Joaquim Jaime Monteiro e Casimiro de Pina.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1032 de 8 de Setembro de 2021.